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OBSERVATÓRIO - 03/01/2015
sexta-feira, 02 de janeiro de 2015

Hoje é dia de crônica
Sol de janeiro
O primeiro sol nos sorriu. Sorriu ardente, mas não escaldante. Sorriu alegre, laranja e criativo. Permissivo para a imaginação, convidativo para a imersão. Mergulha nos seus dons e encontra lá dentro o talento que permite você ser você. Há coisas que só você pode fazer, só você sabe fazer e ninguém mais.
O sol é oração. O primeiro sol é milagre de todo dia. Traz os astros e anuncia o sussurro dos céus que percorrem todo o caminho pela luz. É rei que, escravo de nós, concede tempo. O que você faz com o seu tempo?
As suas escolhas te definem e o seu modo de ser e se ver feliz deve ser respeitado. Mas ainda que todas as formas sejam louváveis, ainda que todas as formas sejam corretas, só há um sentido comum em tudo: viver nunca é demais!
A vida tem que extrapolar o ar que reside em nossos pulmões. Viver tem que ser mais do que apenas a contração e distensão do coração. Viver tem que ser mais do que piscar os olhos milhões de vezes na semana. Viver é a intenção maior do tempo e quem nos diz isso é o primeiro sol e é o que também nos dirá o segundo, o terceiro e o último. De janeiro a janeiro o sol nos mostrará que a música não toca se não dermos play. E que, mesmo escondido pelas nuvens, o sol ensina que a música continua tocando sempre se não dermos stop. Por que dar stop?
Que música você escolhe? Troque a canção, mas não deixe a música parar. Deixe a música tocar e invadir os espaços que você invade e paralisa. Modifica o que está ao redor. Chame a atenção do mundo, permitindo que o universo faça também a sua parte. Às vezes, é preciso deixar o universo agir. Basta confiar com fidelidade aos seus sonhos.
O sol de janeiro me banha, nos banha. O sol de janeiro impera e invade as mentes abertas que pedem. Juízo no que se pede. Audácia no que se quer. Tudo passa pela intenção, motivação e entusiasmo. A intenção move e o entusiasmo realiza.
Deixa esse sorriso bobo sair. Deixa sua mente saltar. Não custa nada tentar... Tente a tentação de ser feliz e se obrigue apenas a ser feliz. Beija sapo que no brejo é vida. Entende que o sol é rei e você também. Se coroa. Se joga!
Entre as pedras do Arpoador surgiu o sol. O primeiro sol de janeiro nos visita. Visitará de novo, pronto para ser apreciado, amanhã e amanhã de novo e de novo. Vem ver o sol. O sol de janeiro. Ele aparecerá. Vem sentir o sol. O sol do verão de dezembro que dá flor na primavera.
Pode ouvir o vento. Quem dera ser o vento... Quisera ter o amor dos lábios da lua que faz nua a alma que nunca teve roupa. Já descobriu isso? Então, deixa eu te mostrar que confundimos o que não conhecemos com suposições. Supõe-se ser livre e descobrirá que livre é.
Abre a gaveta da história e deixa o sol expurgar a poeira que faz parecer a nostalgia ser besteira. Nostalgia não é besteira tanto quanto saudade não é tristeza. É a sua escrita. Tira seu livro da prateleira e põe sua autoria para ser lida e continua a escrever. Com a paixão afoita de quem devora-se sem se vomitar.
Lê olhos. Ouve estrelas. Vislumbra o sol e entende o que o seu laranja diz. Qual a verdade que seu passo percorre? Qual a mentira que você gosta de dividir?
Nem só o amor salva. Só o amor vale. Deixa surgir o anúncio da felicidade que alivia o peso do dia. Faz prece ao sol que nasce e agradece ao sol que se põe e promete voltar. Se volta para dentro para explodir fogos de artifício para fora. Explode estrelas por dentro para fazer nascer galáxias para fora. O universo é expansão que começa pelo seu coração.
O primeiro sol sorri porque você sorriu para ele. Gargalhemos com o sol até o último sol surgir. A contemplação ostenta o sol no céu e você grande na imensidão. Você, mergulhado nos seus dons, com seus talentos escapulindo pelos raios que encantados te fazem oração. Fé e força. Alma e intenção. Entusiasmo no que te motiva para transcender na escuridão. Como faz o sol primeiro, o segundo, o de julho, o que surge e se põe... Cheio de promessa que se cumpre, porque o sol sempre retorna para te lembrar de tudo que já foi dito antes.

Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
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