O que foi que foi? O que será que será? - 31 de dezembro de 2011 a 2 de janeiro de 2012

sexta-feira, 06 de abril de 2012

O que foi que foi? O que será que será?

2011 termina não exatamente como qualquer outro ano para os friburguenses. 2011 foi um ano marcante na história de Nova Friburgo—ainda no seu 11º ao seu 12º dia vivemos uma noite/madrugada intensa, cheia de dor e tristeza. Parecia o fim do mundo. Essa é a impressão que teve quem viu a cidade literalmente se derreter. Famílias inteiras tiveram suas jornadas encerradas. Amigos foram perdidos. Muitos perderam não só bens materiais, mas a esperança. Todos perderam algo, mas também ganharam. Ganharam um grande abraço do Brasil. Não houve brasileiro que não se comoveu.

Depois de décadas, um presidente da República veio a Nova Friburgo. Aliás, a primeira visita da nova presidente Dilma Rousseff foi a Nova Friburgo. Pena que para socorrer a cidade da maior tragédia climática da história do país.

Mais de 400 mortos. Milhares de desabrigados. Números oficiais absolutamente contestáveis. Há quem garanta que foram muito mais.

Números não contestados são os que vieram depois da tragédia na nova tragédia—a política. Se a Justiça analisa se houve ou não desvios, quem foi corrupto e quem não foi, a certeza absoluta é a de que faltou transparência.

2011 termina abrindo portas para uma grande reforma do espírito friburguense. O que será que será? Ao fim de 2012 talvez tenhamos a resposta. Por enquanto tudo é retrospectiva e perspectiva do observatório do nosso cotidiano que foi tão confuso e inesperado neste ano.

O que foi na política...

2011 se tornou um dos anos mais conturbados da história política do município. Se não bastasse o afastamento por motivo de saúde e a interminável especulação sobre o retorno ou não de Heródoto, o vice Dermeval foi afastado pela Justiça e o ano terminou com o presidente da Câmara, Sérgio Xavier, como prefeito. A CPI na Câmara, as investigações dos órgãos fiscalizadores e toda a questão envolvendo a reconstrução elevaram nomes e derrubaram outros.

O que será que será na política...

2012 é ano de eleição municipal e é o pleito que determinará o quanto cada um será julgado por suas atuações no pós-tragédia. Imagina-se uma eleição polarizada para prefeito, mas pouco ainda se pode arriscar. Para a Câmara serão eleitos 21 vereadores, o que sugere um grande número de candidatos.

O que foi no esporte...

O ano foi marcado pelo brilhantismo do Friburguense que teve a melhor campanha de sua história. O time pouco foi derrotado e apesar de dois vices em duas competições disputadas conquistou o retorno à elite do futebol carioca e do Brasileiro da Série D. Foi o grande orgulho de Nova Friburgo. Destaque ainda para o Friburgo Rugby, vice-campeão da Copa Rio. Honras para Edson dos Santos Jr no UFC e Rafael Galhardo na seleção Sub20. Ambos fizeram questão de exaltar o nome de Nova Friburgo para o mundo.

Perdas lamentáveis...

O esporte foi marcado ainda por duas perdas. A do veterano Mário Nassif e o jovem promissor Swian Zanoni. Seu Mário, o massagista há mais tempo ininterrupto no futebol brasileiro, dono de um recorde que provavelmente jamais será batido. Faleceu antes da tragédia e o ano foi de homenagens ainda que a despedida tenha sido no meio de todo aquele armageddon vivido em janeiro. Swian Zanoni, o mineiro mais friburguense de todos, já despontava como o melhor piloto de motocross do país. Sem dúvida alguma o maior ídolo e maior promessa internacional que o esporte local já teve.

O que será que será do esporte...

Esperança é o que não falta ao setor que teve um 2011 espetacular. Se teve um setor que se reconstruiu e se superou este foi o esporte. De volta à elite do futebol carioca, a primeira missão do Tricolor da Serra é se manter na primeira divisão; depois vem o desejo de uma campanha excelente. A aposta no grupo é válida. Boas expectativas para os friburguenses no UFC, Junior Santos e a possibilidade real da estreia de Marlons. Muitos atletas individuais de diversos esportes garantem a esperança de mais um ótimo ano esportivo.

O que foi na segurança...

A Delegacia Legal e da Mulher finalmente foram inauguradas. Os índices de violência diminuíram em comparação aos anos anteriores. Segundo os dados dos boletins policiais, homicídios por exemplo caíram, assim como as mortes no trânsito. O primeiro se atribui o intenso combate ao tráfico de drogas e o segundo as operações como a Lei Seca. Ano marcado ainda pelo forte combate ao jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e ainda contra a pirataria e crimes ambientais.

O que será que será na polícia...

O sufocamento ao tráfico de drogas é bandeira de trabalho do Comandante Freiman da PM em parceria com a Polícia Civil. O trabalho da Delegacia da Mulher e da Polícia Florestal vem se intensificando e devem evoluir ainda mais em 2012. Combate a jogos ilícitos é ordem estadual e federal.

O que foi na cultura...

O setor foi atingido, mas soube se superar e foi fundamental para o reerguimento da autoestima da população. Além do Festival de Inverno do Sesc, a cidade esteve no circuito das grandes peças teatrais e teve muitos shows de artistas nacionais. Os atrasos é que marcaram o desrespeito ao público que teve que ser paciente... Sem contar a ideia brilhante do Festival de MPB de Lumiar que acabou com o cancelamento dos shows. Retorno da Festa da Flor, mais um fim de ano com a festa da virada. O carnaval, por motivos óbvios, não ocorreu.

O que será que será no setor cultural...

A expectativa para a criação de uma nova festa para celebrar o aniversário da cidade prossegue. Os shows de artistas nacionais, todos realizados por particulares devem prosseguir, com expectativa mais uma vez para um show de Roberto Carlos na cidade. Se não aconteceu no ano que finda, as possibilidades são reais para este ano.

O que foi que foi Nova Friburgo...

Além da tragédia e tudo o que ela acarretou alterando a vida da cidade, não faltaram outros problemas. O concurso de 99 continuou sendo um deles. Disse me disse para o fim da discussão no Superior Tribunal de Justiça, ficando agora a cargo exclusivo da última instância. A privatização dos cemitérios foi outra polêmica encerrada com a quebra amigável de contrato entre a Prefeitura já comandada por Serginho e a empresa. Com a alteração natural de prioridades, paralisia nas mudanças no trânsito, na construção de escolas, creches e postos de saúde. Tudo foi para a reconstrução que ficou longe de acontecer. Sobraram anúncios e promessas, faltou obras.

O que será que será Nova Friburgo...

Expectativa por uma aceleração da reconstrução do município. Por mais que se tenha esperança, não se pode esperar muito de avanços em outros setores públicos. A estagnação econômica que já vinha antes da tragédia não ser reverterá em curto prazo, mas é urgente um plano de ações. Que o ano eleitoral não atrapalhe a trajetória do município, mas é inevitável dizer é que as eleições pautarão a vida do friburguense. Se a música “Farol” de Marcus Viana foi a trilha sonora de Nova Friburgo em 2011, que seu sentido maior, “um por todos e todos por nossa Friburgo” norteie o 2012 repleto de esperança e vontade de renascer com novos pensamentos para um futuro melhor do que foi o passado, e que a tragédia presente sirva de inspiração para um novo povo friburguense.

Música: Farol (Lágrimas da Tempestade)

Composição de Marcus Viana

Se essa tristeza de novo voltar

Agora eu sei

Há no meu peito um farol

Para acender, aquecer, consolar

Iluminar o meu caminho de sol.

Lágrimas são como tempestades de verão

Um dia tem de escorrer do coração

Como os rios que depois dos vendavais

Voltam pro seu leito

A nossa fé há de voltar

E a vida vai prosseguir

E a gente vai se erguer

Por dentro e por fora

Reconstruir

E vamos aprender a dizer adeus

A dizer adeus

E o resto é com Deus

O resto é essa luz

Luz de farol

No peito a nos guiar

Solidariedade

Essa força do chamar

Essa força a nos unir

Todos como um só

Todos como um sol

Somos um por todos por nossa Friburgo

Somos um por todos por Nova Friburgo

Somos um por todos e todos por um

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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