O mundo é alguém

sábado, 20 de junho de 2015

Pensa para responder às perguntas. Diz que pensa para responder, apenas às minhas perguntas. Questiono a mim mesmo. Esqueço de propósito algo na sua casa só para voltar. Descubro então que o que tenho esquecido em sua segurança é o meu próprio coração.

Consegue dar ritmo ao meu peito acelerado. Acalma minha alma. Serena meu espírito agitado. Faz com que eu descanse seguro. Observo você sonhar. Como gostaria de estar no seu sonho. Te faço carinho e peço enquanto dorme para que eu esteja ali dentro, nos seus pensamentos mais íntimos. Se lembrará do que sonhou?

Adormeço por um instante, mas quero mesmo é ficar acordado só para ter a certeza de que é verdade. Suas mãos estão encaixadas nas minhas. Dedo a dedo se percebendo — namorando. Meu braço está em volta dos seus ombros. Aconchegados estamos achegados um ao outro não como partes, mas inteiro. E, nos seus braços, nos meus braços, insisto em te observar dormir. Seu afeto me afetou — comprovo com a mais boba alegria de quem sente paz só por estar com outro alguém. Acaricio o seu rosto e dou sorriso aos meus lábios. Sorrio sozinho a felicidade de ser e estar ali sem se importar com o lá fora e com todo o resto. Pode chover. Pode ter multidão. O que mais quero e preciso está ali. Nem o depois ou o ontem entram nesse universo particular. Um universo particular na mesma dimensão — agora. Algo inédito para mim.

Eu que supus tanto acerca do que é amor. Será que amor é isso? Conseguir fazer o mundo todo ser apenas aquele espaço, naquela fotografia? Se for isso, amor é bom. Amar é muito bom.

Ter você na minha fotografia e aquela cena de apenas nós dois, somente para nós dois, faz do meu coração um saltitante apanhador de estrelas. Geralmente, o mundo é isso mesmo, um alguém. Já diziam: mundo é alguém para outro quem.

Minha vontade de te ver não acaba te vendo. Minha mania de te fazer bem não acaba fazendo bem a você. Com os mimos a mais, com os detalhes que ninguém vê e nem mesmo você percebe. Isso me faz flutuar, sair do chão sem medo de não ter nada abaixo. Leveza contemplativa. Beleza impulsiva.

Pede tempo para resolver questões e me ganha ainda mais. Diz que sou engraçado. Aprecio o título de palhaço cuja maquiagem não é a piada em si, mas o gosto de te fazer sorrir. Encantado me derramo em todo canto de teto cuja laje é céu. Será que Deus me vê?

Estou feliz por te ser. Vem me proteger...

Quanto tempo temos? Quanto tempo quer? Estou disposto a esperar batalhando. Não é em qualquer esquina que encontramos algo assim. Foram tantas as esquinas que já passei nessa vida, para pela primeira vez te encontrar e me deparar com tudo isso que não posso deixar que vá. Evito te assustar tanto quanto já estou assustado. Como guerrear sem morrer por ti? Guerreio para viver contigo.

Beijo bom, mesmo sem ser roubado. Abraço gostoso esse dado. No sofá, na cozinha, no quarto, na porta da despedida que é também a da chegada. É tão adorável quanto inexplicável. Eu que nunca gostei de cachorro em casa até estou gostando. “Pode subir na cama danado”. Os bichinhos gostam de mim... E você?

Ah! Tenho tanto para contar, tanto quanto para descobrir. Como posso te surpreender? Levar lanche no fim de tarde de domingo? Levar um filme ou um convite para o cinema? Apertar o 204 do seu apartamento e dizer “sou eu bem na porta da sua vida”. Deixa eu entrar e bagunçar a sua calmaria. Deixo você acalmar o meu dia para ser a melhor parte dele. Para o dia terminar bem, tem que ser com você. Para o dia começar bem deixo você me assaltar os pensamentos e no ganho dessa invasão perder o chão para voar. Tomo seus medos, doma minhas ansiedades e na soma do que somos nos tornamos alma um para o outro. Vou esquecer para deixar com você meu coração...

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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