O labirinto

sábado, 07 de julho de 2018

Pelos próximos meses, a jornalista Laiane Tavares assina a coluna no lugar do titular Wanderson Nogueira. A Justiça Eleitoral determina que candidatos nas Eleições 2018 não podem apresentar, participar ou dar nome a programas de rádio e TV. A regra não se aplica aos órgãos impressos. Mesmo assim, o colunista e A VOZ DA SERRA, em comum acordo, optaram pela alteração neste período. Wanderson Nogueira volta a assinar o Observatório em outubro, após o período eleitoral.      

 

Parece que foi ontem que nos despedíamos do ano passado com aquela esperança no novo (de novo). E aí você acordou, trabalhou, pagou contas, se divertiu um pouco, assistiu umas séries, teve uns conflitos, umas dores nas costas, adiou uns planos, respirou fundo, contou até dez e já é julho. A essa altura a lista de metas para o próximo ano novo já está prontinha, vamos repetir a do ano passado. Não deu tempo de por em prática. Vai servir.

Camuflando a realidade, quase que a gente se engana e esquece que a lista de 2018 era a de 2017 que era a de 2016, que foi a de 2015. E assim os anos vão ultrapassando os planos. Fica tudo pra depois, inclusive você. Eu sei, você está correndo. Tentando, fazendo o melhor que pode. Se as coisas não acontecem, não é por falta de ação. Talvez não seja para ser. Aquela nova vida prometida que parecia tão possível no dia 31 de dezembro, e cada vez mais longe no dia seguinte, deve ter virado na curva de um labirinto. E aqui estamos, presos entre frustração, cobrança e exaustão. É nesse ponto que a humanidade se encontra.

Dos labirintos físicos, estudiosos traçaram métodos para nos libertarmos. Para os mais simples, é aconselhável utilizar o método das mãos. Consiste basicamente em colocar uma de suas mãos em uma parede e seguir em frente, importando apenas nunca perder o contato com o lado escolhido. Assim, ainda que demore, você conseguirá sair.

Aos mais complexos é destinado o método de Tremaux.

O escritor Charles Pierre Tremaux criou uma forma de sair de qualquer labirinto com os seguintes passos: primeiro, nunca siga o mesmo caminho duas vezes. Segundo se chegar a uma encruzilhada, siga qualquer caminho e não descarte a possibilidade de voltar ao início da mesma em caso de falha. Terceiro, se algum caminho levar a um ponto já visto ou a um beco sem saída, retorne por onde veio. E finalmente: quando um caminho te levar para uma encruzilhada antiga, faça uma nova escolha, a saída está na habilidade de desbravar novos rumos. Mas para que tudo dê certo, não esqueça: memorizar ou marcar os caminhos é fundamental.

Se aceitarmos essa renovação permanente de um compromisso eterno com as metas de sempre como um labirinto em nossas vidas, Tremax nos serve. Relembre sua listinha da virada. Primeiro, tente analisar se o fato de percorrer sempre o mesmo caminho, não lhe impede a saída, e faça um esforço por uma nova opção. Segundo, se chegar a um ponto onde parece não haver saída, siga sem medo por qualquer caminho. Você não tem nada a perder, se fracassar, retorne ao início. Terceiro, se cruzar com um beco sem saída, a dica anterior ainda é válida. Retorne ao início, volte por onde veio e reavalie seu caminho. Por fim, aceite que recomeçar é parte fundamental para encontrar uma saída. E jamais despreze a importância da memória.

Só você sabe o que te trouxe até aqui, o que paralisou sua vida, o que te jogou em caminhos difusos ou lhe atraiu para as piores escolhas. Isso está marcado em você, não para impedir que prossiga, mas para lembrar que certos caminhos já não lhe cabem mais. Se começar agora, e seguir desejando os velhos sonhos de ano novo, vai perceber que ainda estamos em julho e o copo ainda está meio cheio.

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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