O fim dos fatos

Pelos próximos meses, a jornalista Laiane Tavares assina a coluna no lugar do titular Wanderson Nogueira. A Justiça Eleitoral determina que candidatos nas Eleições 2018 não podem apresentar, participar ou dar nome a programas de rádio e TV. A regra não se aplica aos órgãos impressos. Mesmo assim, o colunista e A VOZ DA SERRA, em comum acordo, optaram pela alteração neste período. Wanderson Nogueira volta a assinar o Observatório em outubro, após o período eleitoral.

Hoje é dia

• da lei Eusébio de Queiros

O dia

Em 4 de setembro de 1969, durante a ditadura militar, o embaixador americano Charles Elbrick foi sequestrado no Rio. O ato, organizado por grupos que pediam como resgate a libertação de 15 presos políticos, marcou a luta de resistência contra a ditadura no Brasil.

Palavreando

“Este é o melhor motivo para estudar história: não para poder predizer o futuro, e sim para se libertar do passado e imaginar destinos alternativos”
(Yuval Noah Harari)

Observando...

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O fim dos fatos

“Só acredito vendo”, quem nunca ouviu essa? A desconfiança sempre esteve presente em nossas vidas, tem a ver com nossos receios pessoais. Essa desconfiança é também uma forma de autopreservação. Ninguém quer ser feito de bobo, então as pessoas se antecipam e anunciam que estão atentas e não serão enganadas.

Não está errado, ou pelo menos, não estava quando era assim. Nessa situação, o que as pessoas solicitavam era acesso aos fatos, assim poderiam comprovar se a informação era real ou não, baseado em algo além de palavras ao vento. 

Mas o acumulo de desconfiança, a crise das instituições e o cenário geral de tensão criou algo que vai mais longe, tão longe que dificilmente de lá todos retornarão. Um lugar onde os fatos já não importam, onde verdade é tudo aquilo em que algumas pessoas buscam se agarrar baseado em seus medos, preconceitos, raiva e indignação.

Especialistas definem esse momento como a era da pós-verdade. “Pós-verdade é um adjetivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. De uma forma bem direta e popular, é o boato sendo assumido como verdade absoluta e incontestável.

Neste cenário se formam às fake news e erguem-se muros entorno de debates fundamentais. Já não é mais preciso ver para crer, na verdade, nem vendo é possível desconstruir o que a paixão e as escolhas pessoais de posicionamentos definiram como realidade.

Os fatos já não importam, e o que é reproduzido e fortalecido neste ambiente não é simplesmente a mentira, mas a indiferença com a verdade. O momento é crítico, e boa parte da população brasileira, cansada de ser enganada sem permissão, parece ter legitimado a prática, assumem como bandeira mentiras e boatos, e a contrapartida parece ser apenas respaldar o ódio.

Não estamos mais falando de pessoas ingênuas que enganadas não sabem o que dizem, estamos convivendo com pessoas que escolheram a mentira. Mas se você e eu não formos também assim, então sempre haverá uma chance de reverter este cenário. Enquanto houver vida consciente e solidária há esperança.

Horário eleitoral na TV

Começou na última sexta-feira, 31 de agosto, o horário eleitoral gratuito das eleições de outubro deste ano. Os candidatos a presidente da República usarão as terças, quintas e sábados. Os candidatos a outros cargos divulgarão suas propagandas às segundas, quartas e sextas. A ordem dos programas será sempre realizada por um sistema de rodízio, que deve ser obedecido por partidos e coligações, onde o último de um dia passa para primeiro do dia seguinte e assim sucessivamente, em sequência à ordem de entrada do primeiro dia de veiculação, que ocorreu na última sexta-feira, 31.

Banco Mundial

Um relatório do  Banco Mundial entregue à todas as candidaturas registradas para presidência da República, intitulado “Por um ajuste justo com crescimento compartilhado: uma agenda para o Brasil”, elenca três desafios principais a serem enfrentados pelo próximo governo: o primeiro é o grande desequilíbrio fiscal, ou o rombo nas contas públicas; o segundo é a falta de crescimento sustentado da produtividade, o que coloca em risco futuros aumentos na renda per capita dos brasileiros; e o terceiro desafio é a dificuldade do estado brasileiro em oferecer serviços públicos básicos à população.

Eleições incertas

O relatório do Banco Mundial também destaca que estas eleições serão “provavelmente, as mais incertas depois da volta do país à democracia, em meados dos anos 80”. O diagnóstico l reconhece a existência de “uma grande proporção de eleitores indecisos, um leque amplo de candidatos e as taxas significativas de rejeição dos nomes principais, refletem um panorama fragmentado e a ausência de consenso sobre um projeto para o Brasil.