Não me venham falar de tragédia

sexta-feira, 08 de janeiro de 2016

Se me vierem falar de tragédia, eu responderei com a esperança insistente de um sonhador. Se me vierem falar de catástrofe, eu direi então sobre do que é capaz a revolução. Se me vierem contar sobre tudo aquilo que passamos, eu não recusarei saber, mas aclamarei à grande força que tem a paixão por aquilo que veneramos. Cultivarei mais as virtudes de nossas atitudes do que o fracasso de algumas de nossas tristes escolhas que ensinam. Ressaltarei seu brilho próprio, suas variadas cores. Sua fotografia inspirativa de poesias que os melhores poetas ainda perseguem escrever. Tolos, ainda que válidas as suas tolices. Não haverá jamais poesia mais bela que Nova Friburgo.

Evoquemos a boa teimosia dos friburguenses. Nova Friburgo é uma insistência que vale à pena. Não há mais de se prorrogar a dor, ainda que suas cicatrizes sirvam para lembrar o que nos acometeu. O verde encobre a lama. O bem derruba os maus. Que avancemos no processo de reconstrução, mas que acima de tudo possamos inaugurar o tempo do renascimento. Vamos renascer!

Renascer através da história que nos trouxe até aqui. Renascer pelos privilégios que a natureza nos concedeu. Renascer pelas mãos criativas e empreendedoras de nossa gente. Renascer pela força do nome que nos une: Nova Friburgo. Porque quem leva até nova no nome, tem na certidão atribuição suficiente para ser nova sempre que o tempo lhe pedir.

E, é isso que o tempo nos cobra nesse agora. Quer de nós a mesma fé dos suíços que desbravaram essas terras quando ainda eram inóspitas. Quer de nós a mesma audácia dos alemães que fizeram destas serras desenvolvimentistas. Quer de nós a mesma persistência dos africanos que fizeram daqui dinâmica, rica, altruísta. Quer de nós a mesma união de todos os povos que constituíram Nova Friburgo como um lugar acolhedor.

Somos a cidade das flores. Somos a cidade da moda. Somos a cidade do frio. Somos a cidade das trovas. Somos a cidade das montanhas. Somos a cidade do cadeado. Somos a cidade do conhecimento. Univer-cidade. Somos a cidade da agricultura. Cidade do morango e também da couve-flor. Somos a cidade do amor. Bendita por Benito. Divina pelas mãos do criador. Potente pelos passos de cada um de nós. Cidade múltipla que impossibilita que definam Nova Friburgo como uma coisa só. Seria um pecado, uma heresia insana dizer que esse imenso parque verde pode ser determinado por um só conceito, uma só palavra. É singular por ser única, mas não por ser apenas uma coisa só.   

Há de se enxergar como é: magnífica! Há de Lumiar nossos dias pelas bênçãos de um São Pedro da Serra e por São João Batista também. Que Santa Bernadete de São Geraldo proteja nossa imensa Floresta de uma Boa Esperança que desce de nossos morros para as grandes avenidas que nos cortam, mas que acima de tudo, nos ligam. Só aqui há Olaria que dá mais do que tijolos. Aos olhos de um Conselheiro de conselhos sábios que nos diz: é preciso seguir em frente sempre. Crescer é a sua vocação. Sigamos nesse Rio Grande de Cima, nesse Riograndina de Prado farto que abraçado por Duas Pedras mágicas avista um Campo do Coelho de Conquista.

Ao luar do Suspiro que cativa a Amélia, dona de uma Vila com Filó. Embriagada pela beleza de um Vale dos Pinheiros tem Bela Vista para uma Cascatinha de águas revigorantes. No ar puro de Mury há Nova Esperança tão firme ao ponto de fazer Salinas mesmo onde não tem oceano. E há tanto no tanto que se pode falar... Encantar-se de Nova Friburgo!         

Que a ousadia nos visite. Que a audácia se vista sobre nós. Que a redescoberta do poder dada pelo destino nos abrace outra vez. É a nossa prece. Há pressa em agir. Renasçamos. Como povo. Como lugar. Como nova! Nova Friburgo que tem mar no seu teto – de estrelas. Nova Friburgo que tem mitos no seu cantar – de entardecer. Enaltece-se nos olhos de quem te ama, o brilho que a sombra se quis fazer. Vai embora no surgir desse novo sol se agigantando no topo do Caledônia.

Lápis de luz para os Três Picos fazerem belos desenhos no céu. É Imperador o horizonte que se estende à Catarina e a todas as demais mulheres – guerreiras – que não permitiram a decadência no ontem e costuram linhas de sonhos para o manto de seu porvir. Vê com mais cuidado Nova Friburgo. Observa com carinho, pois dos cinco que passaram, duzentos novos já estão aí.         

*O colunista entra em férias e a coluna “Observatório” voltará a ser publicada na edição do próximo dia 26. 

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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