Colunas
Meu primeiro voto
Pelos próximos meses, a jornalista Laiane Tavares assina a coluna no lugar do titular Wanderson Nogueira. A Justiça Eleitoral determina que candidatos nas Eleições 2018 não podem apresentar, participar ou dar nome a programas de rádio e TV. A regra não se aplica aos órgãos impressos. Mesmo assim, o colunista e A VOZ DA SERRA, em comum acordo, optaram pela alteração neste período. Wanderson Nogueira volta a assinar o Observatório em outubro, após o período eleitoral.
Votar pode parecer banal, para muitos até inútil, mas quando você é um adolescente o poder desse instrumento democrático é muito mais atrativo, como todas as nossas primeiras vezes, aliás.
A primeira vez nas urnas foi revolucionário para mim. Eu não tinha qualquer noção de quantos votos eram necessários para que alguém ganhasse as eleições, mas sabia que um a mais ou a menos poderia decidir o jogo, e isso bastava para minha pequena contribuição ser uma das coisas mais importantes que havia feito na vida até ali, aos 16 anos.
De lá pra cá já perdi as contas de quantos votos foram, na verdade, já esqueci até para onde foram alguns. Apesar de ter se tornado algo comum, não virou banal, tampouco inútil, na minha opinião. Eu voto com esperança, todas as vezes, e sempre faço uma escolha. Meu voto nunca é para qualquer um, nunca é branco ou nulo, e nunca é por mim, ou exclusivamente por mim.
O meu primeiro voto também não foi por mim. Logo de cara eu queria votar pelo país, mas é difícil votar por algo tão complexo e com tantas particularidades, eu decidi então que votaria pelas pessoas que moram no país. Mas como decidir quais pessoas mereciam o meu voto e qual candidato representava essas pessoas?
Eu sempre escolhi um lado, e naquela época não foi diferente. Eu escolhi os invisíveis, as pessoas que sobrevivem sem qualquer qualidade de vida, as pessoas que precisam esconder quem são, as vítimas dos preconceitos mais cruéis, as mulheres sempre em desvantagem apesar de toda luta.
Mas aquele primeiro voto “empático” e todos os outros também foram por mim, eu voto porque quero um mundo melhor, e tem meu voto quem enxerga o mundo nas especificidades das pessoas em seus sonhos e urgências. Voto no candidato ou candidata que quando apresenta uma proposta não me faz uma promessa, mas diz: “estamos juntos, não resolveremos agora, mas faremos a nossa parte”.
Voto em quem sabe que estamos em construção, não podemos retroceder. Sim, todas as peças são fundamentais. Todos importam, mas a base deste país, aquela que sustenta toda a edificação, aguentando essa barra chamada Brasil, tem que importar um pouco mais para quem quer o meu voto.
Eu voto com esperança, contra a desigualdade e contra todas as formas de injustiça, pode parecer inocente, mas eu fico feliz de a idade não ter atravessado o prazer de acreditar nesse sonho coletivo. No dia 7 de outubro eu votar mais uma vez como se tivesse 16 anos, sempre para revolucionar o cotidiano.
Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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