A metáfora de um país em chamas

quarta-feira, 05 de setembro de 2018


Pelos próximos meses, a jornalista Laiane Tavares assina a coluna no lugar do titular Wanderson Nogueira. A Justiça Eleitoral determina que candidatos nas Eleições 2018 não podem apresentar, participar ou dar nome a programas de rádio e TV. A regra não se aplica aos órgãos impressos. Mesmo assim, o colunista e A VOZ DA SERRA, em comum acordo, optaram pela alteração neste período. Wanderson Nogueira volta a assinar o Observatório em outubro, após o período eleitoral.

Hoje é dia

  • da Amazônia
  • oficial da farmácia

O dia

Em 5 de setembro de 1981, João Carlos de Oliveira, o "João do Pulo", ganhava a medalha de ouro em salto triplo na 3ª Copa Mundial de Atletismo, em Roma. João atingiu o auge da carreira nos anos 70, com o recorde de 17,89 metros, no Pan-Americano do México, em 1975. A marca foi imbatível por dez anos.

Palavreando

“Você sabe que alguém te ama não pelo que ele fala, mas pelo o que ele faz. O amor não sobrevive de teorias”
(Padre Fábio de Melo)

Observando

Cinco notícias que talvez você não tenha visto

  • Consumidores pagarão R$1,9 bi a mais na conta de luz para cobrir subsídios
  • Americano que passou 17 anos na prisão confundido com sósia pede indenização milionária
  • Google e Mastercard monitoram compras em segredo
  • Amazon é a segunda companhia a valer US$ 1 trilhão
  • Cientistas descobrem nova forma de transformar luz solar em combustível

A metáfora de um país em chamas

A essa altura, todos já sabemos que o incêndio no Museu Nacional era tragédia anunciada. Já sabemos também que o orçamento anual do espaço caiu drasticamente nos últimos cinco anos, de R$ 531 mil, em 2013, para R$ 54 mil, em 2018. Sabemos até que em 2017 mais brasileiros estiveram no Louvre, em Paris (289 mil), do que no Museu Nacional (192 mil).

Tudo que sabemos agora só serve para nos lembrar o quanto não sabemos de nada. Se soubéssemos antes o que sabemos agora, teria sido diferente? Talvez se a gente se importasse. Eu não sei se temos o direito de chorar pelas cinzas da história, pelo menos não a maioria de nós.

Somos cúmplices dessa tragédia. Nós permitimos que o descaso se acomode na condução da vida pública. Talvez esse não seja o seu caso, talvez também não seja o meu, mas como um todo, falhamos. E quando procuramos acertar, é sempre da pior forma, generalizamos, encontramos culpados, cortamos cabeças, e repomos as peças com o que há de pior. A população brasileira é uma donzela à beira do precipício que condenada a ser salva, morre sem saber que podia andar.

Um candidato a presidência da República disse em rede nacional que historiadores não importam, e este candidato está liderando as pesquisas. O museu em chamas é a metáfora de um país que queima pela ignorância de um povo sem memória. Eu poderia escrever aqui belas palavras que nos trouxesse algum conforto, mas sinceramente eu não acho que a gente mereça um abraço agora. Se não nos responsabilizarmos imediatamente, o que mais será nossa culpa? Até onde estamos dispostos a ir para descobrir?

A imagem do meteorito intacto em meio as cinzas do que um dia foi o Museu Nacional, do que no sábado ainda era, pode ser um sinal, um que nos lembre o tamanho da nossa insignificância perante o universo, da nossa fragilidade. Somos poeira na eternidade, e até Luzia, a mais antiga de nós, não resistiu a esses tempos difíceis.

Não sobreviveremos ao tempo, já nascemos sabendo disso, o que estamos descobrindo é que talvez nada sobreviva ao nosso tempo. O nosso mundo está em chamas, não pelo grito dos maus, mas pelo silêncio dos bons. Até quando?

Milhões de votos a menos

Quase sete milhões de pessoas acima de 70 anos, deixaram de votar nas eleições de 2014. A informação é do  Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A abstenção nesta faixa etária atingiu uma média de 60% por unidade da federação. A não obrigatoriedade aliada à falta de representatividade para a qualidade de vida desta população são algumas das principais razões que os afastam das urnas. A projeção feita pelo TSE é que neste ano, 9% dos eleitores brasileiros estejam acima dos 70 anos de idade.

Mitos do período eleitoral

Já nos acompanha há algumas campanhas a mentira de que “se a maioria da população votar nulo ou em branco as eleições serão canceladas”. A afirmação que ganha força através de correntes de WhatsApp e compartilhamentos no Facebook não procede e não faz qualquer sentido. De acordo com as nossas regras eleitorais, votos brancos e nulos são descartados, ou seja, não entram na conta geral, e a única coisa que essa “ação de protesto” possibilita é que políticos sejam eleitos com base em números reduzidos de votos. Para combater esse tipo de “fake news” o TSE está veiculando uma série de propagandas no rádio e na TV com a mensagem de uma campanha a favor do voto. Você conhece alguém que acredita na mentira da anulação das eleições? Compartilhe com ela a verdade.

Foto da galeria
#OmelhorFrioDoRio - Registro de Thiago Arnaldo para amar ainda mais essa cidade. Foto compartilhada no Instagram oficial da campanha ‘O Melhor Frio do Rio’
TAGS:
Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.