Iluminar

Há datas, dias especiais, que tem o poder de iluminar as pessoas. Uma a uma iluminada e se iluminando são capazes de repente de iluminar uma cidade inteira. O Natal é uma dessas datas. Não por suas luzes nas árvores ou por seus piscas-piscas contornando as janelas e as sacadas das casas. O natal ilumina porque faz das pessoas determinadas a, sem medo, abraçar os próximos e no abraço dizer que deseja saúde e paz - que ama.

O Natal ilumina por seus cartões repletos de declarações, pelas bolas coloridas nos pinheiros que com suas raízes sustentam o alçar o céu. Ilumina pelas estrelas dos reis magos que nos levam aos nossos. Ilumina pelas velas nos templos e, principalmente, pelas famílias e amigos reunidos para a ceia. Mas não é a ceia que ilumina e sim o pretexto dela por fazer reunir irmãos. Assim, mais importante que o cartão com palavras feitas, o que ilumina é a intenção de quem o entrega. De tal maneira que não são as bolas nos pinheiros que iluminam, mas o reflexo de cada olhar que as admira e que até, às vezes, não compreende a razão de suas cores, porém por ela são tocados e içados são a descobrir.

O iluminar não advém pelos personagens ou homens santos, mas pelo simbolismo de suas visões que fazem reacender o grande teto que protege a todos nós. As velas nos templos são iluminadas não pela pequena chama, mas porque acendem caminhos... 

O Natal ilumina os olhos daqueles que já não tem esperança e também de todos aqueles que se esforçam para acreditar um pouco mais. Faz do coração, morada do mundo com capacidade de abrigar a todos que buscam refúgio e companhia. Clareia a escuridão e cessa o que confunde, aniquilando a desconfiança, permitindo assim ao sonho achar o que é real. De repente, nas barbas de um bom velhinho reencontra-se o que é ser criança.

Quem dera todo dia fosse Natal com luz em cada metro quadrado não permitindo a ninguém esquecer que a luz vence a escuridão. Que acima de tudo cada um de nós é luz que ilumina e que toda vez que emprestamos essa luz a alguém, nossa luz se torna mais intensa, mais forte, mais sol...

Quem dera o espírito do natal se prolongasse por cada dia do ano perpetuando as vozes dos corais que cantam as canções que nos fazem encontrar o amor sem temor, sem pecado, com razão pela razão de amar com entrega e sem vaidade.

Iluminar numa luz que satisfaz mais a quem doa do que quem recebe. Quem não quer iluminar? Todos podem iluminar não por uma efeméride que motive a isso, mas porque é da natureza de cada um iluminar. Como vaga-lumes gigantes que se mantêm acesos, sem cansar, à procura de acertar e descarregar os pensamentos ruins e transformá-los em sementes de paz.                           

Iluminar, iluminar uns aos outros em todos os lugares, aquecendo a alma para a liberdade de voar. Iluminar para redescobrir a força onde já não se acha forte e insistente - ser solidário. Cada ato, por mais simples, faz diferença, transforma, contagia, se multiplica em fórmulas que nem os matemáticos podem mensurar. Iluminar de forma que os olhos possam permanecer abertos, sendo luz suave que encanta e acaricia o espírito.

Não, não é o Natal! Mas o que ele faz surgir nas pessoas - sentimento de fazer nascer e renascer o que nos foi ensinado há mais de dois mil anos. A luz está aqui o tempo todo. O Natal só a motiva sair e se espalhar.

Luz que se faz no abraço sem receio, no desejo de prosperidade ao próximo e na retribuição desse convite para caminhar rumo ao tempo que não se esconde no tal futuro, no amanhã longínquo, mas que está aqui no hoje como esteve ontem... Que quer ser descoberta. Mas é preciso olhar profundo e doce para se chegar ao âmago da alma e levar essa paz própria da felicidade... E, tão leves como as pétalas de uma flor que dança ao céu, viajamos firmes, conscientes de nossos direitos e deveres como humanos.

Natal é sinônimo de amor e o amor é substância fundamental, essencial para produzir a luz. Essa luz de fé, coragem, amizade, esperança, solidariedade. Essa luz da multiplicação. Luz que tudo pode iluminar e sendo iluminado transcender, transformar todos os contrários. Em certeza, somos luz uns para os outros. O mundo precisa de todos nesse iluminar, maior graça que temos. Permita ser iluminado, se permita iluminar!