Friburguense – O Retorno - Capítulo 25 – Seremos campeões! - 27 de julho 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Toda jornada tem um começo, um meio e um fim. Os capítulos finais estão aí! Essa jornada, que termina hoje, começou há um ano, quando diante do Duque de Caxias, o Friburguense, depois de 12 anos, caía para a segunda divisão do futebol carioca. A instituição ficou ferida, os torcedores ficaram tristes. A cidade ficou sem seu divulgador maior, mas mais do que isso, aqueles jogadores, aqueles profissionais que estavam ali envolvidos com o tricolor da serra tiveram suas honras aniquiladas. Foram homens: se com o Friburguense caíram, com o Friburguense subiriam.

Mais da metade daqueles profissionais permaneceu para devolver o Friburguense ao seu devido lugar. 70% daqueles mantiveram no peito o escudo azul com uma estrela vermelha dentro. Um ano de trabalho, muito trabalho! Com pouco apoio, enfrentando a desconfiança de muitos, não desistiram.

Mas a tragédia do rebaixamento seria a menor das tragédias. 11 para 12 de janeiro: a pré-temporada é interrompida a um mês da estreia na longa competição. Helicópteros e lágrimas invadem o Eduardo Guinle e toda a cidade. A maior autoridade do país, a presidente da República, desce no gramado que antes era dos jogadores tricolores para apurar com seus próprios olhos a dimensão da tragédia. E ela se assusta!

Como todos da cidade, não houve profissional no Friburguense que não tivesse perdido um parente, um amigo, um conhecido... Não houve jogador que não tivesse largado mão do treino todo planejado para ser voluntário, ajudar e de certa forma ser herói de um outro jeito: salvando vidas!

“Solidariedade, essa força a nos chamar, essa força a nos unir”, como diz a música. A lama secou e foi lavada, ainda que as encostas estivessem e ainda estejam caídas. Mas a vida segue e cada um tem que fazer a sua parte, reconstruir do seu jeito!

Aí, nunca o “um por todos, todos por um”, grito de guerra dos jogadores tricolores, fez tanto sentido. O heroísmo ultrapassou o sentido do que é ser herói com as pelotas nos pés. Jogadores se tornaram mais do que jogadores defendendo a sua honra. Viraram guerreiros com o escudo do Friburguense, com o totem de Nova Friburgo. Deram a alegria que a cidade precisava e a cada partida, sacudiram a poeira, levantaram a autoestima da população. Fizeram a primeira reconstrução, deixando o exemplo de que com confiança, trabalho e empenho a reconstrução vem, sem propriamente precisar de dinheiro.

E domingo a domingo, sem descanso, viajando de ponta a ponta do Estado, por estádios ruins, campos piores ainda, com partidas duas vezes por semana, a jornada eis que termina. Vai deixar saudade boa! Semeou esperança. Nós que já estávamos esquecendo o que é isso! Esperança: sentimento renovador, motivador, imprescindível em qualquer história vitoriosa!

E, com essa mesma esperança agora recobrada, confiamos que a taça subirá a serra, que o Friburguense será o campeão. Não pela tragédia em si. Não porque Nova Friburgo precisa. Não porque os jogadores foram solidários. Mas porque é o que é certo, é o que é justo, é o que é merecido. Porque o Friburguense foi o melhor desde o início, foi o melhor o tempo todo e será de novo o melhor hoje!

Sei que o futebol nem sempre é justo, mas o que é divino sim! Essa não é só uma conquista do futebol, mas uma celebração da união, do recomeço, da virada, da vida vivida com garra, determinação, coragem...

Ser campeão é uma conquista que cada qual que fez parte dessa trajetória merece. A torcida — incansável, especialmente os quinhentos do Eduardão que estiveram ali o tempo todo. Esses quinhentos que levaram mais quinhentos depois, até chegar a dois mil e os tantos outros mil que formam duzentos mil espalhados por aí. Ultra Facção Jovem Tricolor — a renovação, com alegria e diversão criou músicas, levou bandeiras, pulou e deu vida às arquibancadas.

Cada um que acreditou e contradisse os pessimistas que diziam que não seria possível! E, agora, o que dizem?

A Stam — parceira maior que apostou desde o ano passado nesse projeto de retorno rápido.

Cada membro da diretoria, do presidente Raul a Nideck e, especialmente, Siqueirinha — o persistente! Amigo dos jogadores, ele contradiz tudo de ruim que falam do futebol fora das quatro linhas e prova que é possível fazer futebol com F maiúsculo. Sem grandes recursos, faz mágica!

Cada membro da comissão técnica, Anderson, Paulinho, Mendonça, Adriano, sem esquecer os dos juniores como It, Paulinha, Eduardo, para falar então de Gerson Andreotti — o pacificador. Aquele que conduziu esse espírito de reconstrução e soube unir ainda mais todos a um só sonho, o de mais do que retornar, mas reconstruir, reconstruir a alma de cada friburguense dessa cidade triste.

E, claro, cada jogador: Marcos — a pantera que salvou o time em diversas ocasiões; Adílson e Afonso — as sombras constantes do pantera, sombras que voam dentro das traves; Cadão — o capitão que lidera pelo exemplo; Diego Guerra — o temido que cobra laterais como se fossem escanteios; Evair — o menino que jogou como gente grande sempre que solicitado; Zé Victor e Davi — os presentes para o futuro; Flavinho — o velociraptor driblador; Sérgio Gomes — o experiente que cruza, dá assistências e marca como poucos laterais no futebol brasileiro; Lucas — o genial... a maior revelação dos últimos tempos do futebol carioca, um jogador completo que coloca a bola onde quer e que deverá ser merecidamente o melhor do Estadual deste ano; Bidú — o apaixonado, poucos amam a camisa que vestem como Bidú... e como faz falta um jogador como Bidú em campo, marcador, guerreiro; Leomir — o carismático que faz perfeição com simplicidade; Marcelo — o calvo que não precisa dos cabelos de Sansão para demonstrar sua força; Rômulo — o abusado que perde a timidez quando tem as bolas nos pés; Jorge Luíz — o craque, fala como ninguém quando domina a bola; Marquinhos — o friburguense, esse Friburguense vitorioso que aí está, essa cidade que dá certo, menino dos cabelos encaracolados que bate falta com maestria, sim, maestro é mais apropriado para o menino que é orgulho da nossa terra; Alves — o insistente que não decepcionou quando foi acionado; Ricardinho — o festeiro que faz do drible festa, que faz das arrancadas festa, que faz do gol sua festa maior; Ziquinha — o talismã, xodó maior da torcida; Ricardo — o gigante; Paulo Roberto — a carta na manga; e Zambi... bem, Zambi — o artilheiro que é artilheiro e garçom ao mesmo tempo, deus africano, autor de danças inesquecíveis feitas com a bola e sem ela na comemoração de cada gol.

Assim, cada um desses com os adjetivos que lhe acompanham e com muitos outros adjetivos que poderiam complementar seus nomes, merecem por volta das 17h, deste dia 27 de julho, ao fim do confronto com o Serramacaense, dar a volta olímpica no Eduardo Guinle, comemorando aos gritos de é campeão a conquista do título Estadual da Série B.

Que os deuses possam ter visto o mesmo que eu testemunhei! Um grupo lutador, talentoso, unido, de personalidade e caráter como poucos. Se os deuses não viram... Com todo o respeito: azar o deles! Eu já tenho os meus campeões desse ano!

Friburguense (1)

Para ser campeão da Série B, o Friburguense precisa vencer o Serramacaense e torcer por um empate ou derrota do Bonsucesso diante do Quissamã. Ambos os jogos acontecem no mesmo horário, 15h.

Friburguense (2)

A diretoria do Friburguense ainda tentou mudar o horário do jogo para 19h30, mas, como já se esperava, isso não foi possível, uma vez que os jogos que definem o campeão obrigatoriamente têm que ocorrer no mesmo horário e o Estádio do Quissamã não tem refletores. Para quem não puder ir ao jogo, fica a dica: a Nova Friburgo AM transmite a partida.

Friburguense (3)

Não haverá entrega de taça nesta quarta-feira, 27. Primeiro pelo motivo óbvio de não se saber se o campeão sairá em Quissamã ou em Nova Friburgo, a taça será entregue em festa na Federação. A cerimônia está prevista para segunda-feira, 1º, com a eleição dos melhores do campeonato.

Friburguense (4)

Não há premiação em dinheiro. O que se tem falado é sobre a cota de televisão para o campeonato da primeira divisão do ano que vem. As cotas obedecem a um ranking por colocação, por isso o campeão da segundona tem o dobro de cota do vice, R$ 440 mil ante R$ 220 mil.

Região Serrana x Japão

O portal Uol criou um álbum especial, com diversas fotos comparando a reconstrução da Região Serrana, afetada pelas chuvas de janeiro, com a reconstrução do Japão, afetado por terremotos e tsunami em março. Fotos do antes e depois mostram as diferenças. Quem quiser avaliar por si só é só clicar no endereço: noticias.uol.com.br/album/110721rioxjapao_album.jhtm?abrefoto=2#fotoNav=3.

Escola de bike em Nova Friburgo (1)

O atleta Guilherme Renke realiza no mês de agosto sua primeira escola de bike para atletas iniciantes e os que querem melhorar sua performance. A escola passa por Nova Friburgo no dia 15 de agosto. As inscrições podem ser feitas através do e-mail guirenke@guirenke.com. Quando mandar o email o interessado receberá uma resposta contendo todas as informações e seu número de reserva.

Escola de bike em Nova Friburgo (2)

As aulas abordam técnicas de pilotagem adquiridas por Renke nos seus 12 anos de carreira que incluem participações em mais de 50 eventos como Pan-americanos e Copas do Mundo, dicas de treinamento físico específico para o downhill, leituras da trilha com as melhores passagens, set-up ideal da bike para cada aluno e os treinos supervisionados.

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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