Friburguense — O Retorno — Capítulo 10 - Afasta de mim esse cálice! - 19 de abril 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Uma virada heróica. O Friburguense só precisou de pouco mais de cinco minutos para virar uma partida que estava perdida. Foi uma das partidas mais emocionantes, se não a mais emocionante, que vi na história do Friburguense.

O time jogava mal, vinha de três jogos sem vitória, viu pela primeira vez a liderança ameaçada. Se os dois minutos se tornaram malditos — o 1° gol sofrido foi exatamente aos 2 minutos de jogo —, os 5 minutos finais foram inesquecíveis, ao ponto de se tornarem abençoados. Quando vi os jogadores do CFZ do Rio abaixando a cabeça após levarem a virada improvável, eu vi escrito na testa deles: a segundona de 2011 tem um campeão.

Mas até os campeões tem que se provar. O Frizão não fez uma partida brilhante, mas teve um final glorificante. Se é o final que fica para a história, então este final é o que marca, é o que entorpece o coração e inebria a alma. O final valeu o ingresso, quando muitos torcedores, com razão, estavam irritados, já pedindo o valor do bilhete de entrada de volta. Então, não contemos o jogo pífio, mas sim o seu final.

Quando tudo parecia perdido, eis que os deuses do futebol escreveram uma das suas crônicas mais lindas. O que é mais comemorado? Uma goleada ou uma virada improvável, nos minutos finais do jogo? Eis o que foi celebrado!

O silêncio do estádio doía. Aliás, nada dói mais que um estádio em silêncio sepulcral. Em campo, 2 a 0 para o adversário. Um gol aos 2 do 1° tempo e outro antes dos 10 do 2°. Os nossos heróis pensavam muito e faziam pouco. A bola batia neles, não eram eles que batiam na bola. O gol estava distante, ainda que a diferença de qualidade entre os dois times fosse evidente. Nem o mais fiel torcedor conseguia ficar paciente com tantos erros. Até os queridinhos da torcida estavam sendo alvejados. Mas foi um dos queridinhos que começou a resolver a parada. Quase aos 40, Marquinhos acertou um chute que passou por todos os zagueiros azuis que congestionavam a grande área e balançou as redes. O silêncio, naquele momento, era tanto que deu para ouvir direitinho as redes cantando. Que belo canto! Marquinhos nem comemorou. Sabia que o tempo era escasso. Pegou a pelota e colocou-a no meio-campo para que a partida recomeçasse. A torcida passou a acreditar! O empate era possível. E veio. Aos 44, 45, sei lá! Torcedor sempre acha que o tempo é mais próximo do fim. Cruzamento de Leomir, confusão na área e Marquinhos, de novo ele, com seus cabelos encaracolados, empurrava a bola para o fundo do gol. Os azuis estavam assustados. O medo era evidente em seus olhos. O nome do pavor atendia por Marquinhos. O nome do respeito atendia por Friburguense. Esse gol foi comemorado, muito comemorado. Os jogadores corriam para se abraçar numa manifestação de união, de time que ganha junto e perde junto. “Para que esse susto?! A gente podia! A gente pode!” Os jogadores estavam com a razão!

“Aqui na serra ninguém ganha do Frizão!” — finalmente cantava a torcida que estava contente com o empate milagroso. A placa de 2 minutos de acréscimo subiu. Pouco mais podia ser feito. Para quem perdia por 2 a 0, o empate era vitória.

Mas aí veio o milagre maior. O Deus supremo e criador nos candomblés na cultura africana se fez presente. Sim! Esse é o significado do nome Zambi. Já nos acréscimos, ele, Zambi, aproveitou cruzamento e fez: 3 a 2. Uma virada tão fantástica que aqueles que estavam no dia 13 de abril, no Estádio Eduardo Guinle, jamais se esquecerão! Contarão com arrepios para seus filhos e os filhos dos seus filhos. Ao final do jogo, a torcida estava eufórica. Ia feliz para casa, confiante, enquanto os jogadores se uniram no gramado e de mão dadas reforçavam o seu pacto de recolocar o Friburguense na primeira divisão. Apenas uma batalha foi vencida. A guerra continua.

Afasta de mim esse cálice. Do jogo de final espetacular alguns aprendizados: afasta do Friburguense a presunção de quem acha que um jogo já começa ganho. Nenhum jogo começa ganho. Favoritismo acaba quando o jogo começa, enquanto um jogo só acaba quando termina. Enquanto houver tempo, haverá esperança. Até os melhores perdem, porque no futebol não há justiça, mas esforço, entrega e abnegação. Quando o Friburguense se entregou, se esforçou e teve abnegação — venceu, quase perto do convencimento. E, por fim, é na provação que surge a união, afinal é um por todos e todos por um!

Casas construídas com reciclagem (1)

Entre 01 e 07 de maio o distrito de São Pedro da Serra viverá a inovadora ideia ambiental da bioconstrução. Serão várias atividades que pretendem multiplicar os bioconstrutores. A primeira oficina do projeto é a oficina de taipa telada, que ensina a reutilizar lixo seco e outros materiais descartados na construção de casas e outras edificações.

Casas construídas com reciclagem (2)

Podem participar desde estudantes de arquitetura e urbanismo a engenheiros, empresários, trabalhadores, pequenos agricultores rurais, associações de moradores e agricultura familiares, além de interessados e necessitados. As inscrições estão abertas até o dia 25 de abril. Informações pelos telefones 22 2542 3077 ou 22 9825 6547.

Há de Brilhar Uma Luz (1)

O jovem João Gabriel, de Nova Friburgo, foi destaque da edição da última sexta-feira, 15, do programa Balanço Geral, apresentado por Wagner Montes na Rede Record. João Gabriel sofre de uma doença degenerativa e perdeu sua casa na tragédia de janeiro.

Há de Brilhar Uma Luz (2)

Ele, que é aluno da Apae, está recebendo ajuda do senador Marcelo Crivella, que se comoveu com a história de vida do menino e o convidou para um dueto em uma canção sobre a tragédia na região serrana. Trata-se da música “Há de Brilhar uma Luz”.

Há de Brilhar Uma Luz (3)

A música foi apresentada no programa de Wagner Montes. Cada internauta que fizer o download da música por R$ 0,99 no site iMusica ajudará a reconstruir a casa de João Gabriel. Todo o dinheiro arrecadado será destinado à compra de uma nova casa para o rapaz.

Clube dos Produtores (1)

Uma ótima notícia para os produtores rurais da região. A Rede Walmart de supermercados acaba de lançar o clube dos produtores no Estado do Rio de Janeiro. O programa, que já foi instituído em outros estados do país, beneficiará agora também Nova Friburgo, Teresópolis, Cachoeiras de Macacu, Cordeiro e Sumidouro.

Clube dos Produtores (2)

Campos e Paty do Alferez são os outros dois municípios escolhidos. O objetivo do programa é incentivar o desenvolvimento do agronegócio, com permanente apoio à produção agrícola e agropecuária de famílias e cooperativas através do acesso aos produtores ao mercado de varejo por meio das lojas do Walmart Brasil. Já foram cadastrados pelas lojas do Estado mais de 300 itens de 127 produtores rurais.

Rádio Globo

Durante toda essa semana a Rádio Globo foca nos 100 dias da tragédia ocorrida em janeiro na região. O ápice do trabalho acontece nesta terça-feira, 19, quando o Globomóvel estará estacionado na Praça Dermeval Barbosa Moreira, de onde será transmitida parte da programação da emissora para todo o Brasil.

TAGS:
Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.