Estou aberto para o amor onde quer que ele possa estar

sábado, 18 de junho de 2016

Eu olhava as estrelas enquanto você dormia. A lua não estranhava minha observação obscena. Só você. Nunca quis ser astronauta, mas sempre amei ver do chão as estrelas suspensas na imensa escuridão. Pontilhados de luz e eu me perguntando se eu era luz ou escuridão. E você? O que é?

Sou a travessia do ontem para o amanhã. Sou a ponte que passa por de cima do muro. Sou o silêncio que rompe a manhã. Sou a unidade que se multiplica. Sou a densidade que se faz de sã. Somos aquilo que não se define ou a própria indefinição.

Meu caminho é tortuoso, como todo caminho é, mas não ouse e não ouso acusar meu caminho de torturante. O caminho é meu e sou eu quem tem que fazê-lo. Somente eu posso defini-lo. Somente eu posso imaginá-lo. Somente eu e mais ninguém pode esperar por ele. Faço-o com imensa pretensão. Ser feliz não é uma opção.  É a minha obrigação.

A pergunta essencial para todas as questões: o que me faz feliz? Se tudo que decidíssemos acerca das nossas vidas levasse em conta a felicidade, seria muito mais leve passar pelos dias. Responder no crivo da felicidade não é fácil, ainda que simples. Felicidade não é argumento. É prática instigante que nos define. É a insistência que deveríamos teimar a todo instante. O que te faz feliz? Qual opção te fará mais feliz? 

Se as coisas saem dos planos, é porque há planos maiores. Quando os planos não dão certo, possivelmente é o plano maior tendo êxito. Existem forças estranhas se empenhando para que possamos perceber, enxergar além de nossos próprios olhos. Estar atento, porque os ventos passam por nós e nos entregam maravilhas que podem escapar pelo mesmo vento.

Não é necessário grande talento para abraçar. Apenas abrace aquilo que o sentimento canta. Estou aberto para o amor onde quer que ele possa estar. Não me defina como uma coisa só. A pluralidade me compõe como a página branca que preencho no meu destino. O amor é a oração que balbucio quando vou dormir ou quando no meio da multidão procuro o que quer ser achado.

Quando duas pessoas se encontram um novo mundo surge. Esse novo mundo pode durar segundos, minutos, horas, dias ou anos. Uma vida inteira. Mas o encontro não pode ser desprezado porque sugere troca e é na troca que vivemos a existência em sua mais profunda essência.  

É preciso, no entanto, admitir a finitude. Essa atitude faz tudo ficar mais leve e também intenso. Há instantes, momentos e preces. Pedir eternidade é válido e reconhecível, porém não é porque não se foi atendido que se deve se deixar habitar pela amargura ou tristeza. O fim não torna o que foi experimentado como ruim. É preciso valorizar cada vivência e quando temos a capacidade de reconhecer que o finito existe, perdura a história.

Eu busco saber o que sou. Eu sonho em me manter quem eu sou e ser também outra coisa, pois como todos, sou ser em evolução. Sou esse contato com os demais, sou o resultado de cada encontro. Estou aberto para o amor onde quer que ele possa estar e necessito dessa experiência para ser melhor e mais feliz. E você? O que é, além de querer ser feliz?    

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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