Contra a corrupção só a politização

quinta-feira, 01 de dezembro de 2016

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Palavreando

Um apaixonado sabe desvencilhar-se do futuro, pois um apaixonado respira o momento e aquilo para ele já é o bastante.

Contra a corrupção só a politização

São tempos difíceis. Preocupantes. De preguiça. Tudo se generaliza. A intolerância e o desrespeito nos dão a sensação de que o mundo está se perdendo. A pessoa que me pediu para escrever esse texto diria que o mundo já está perdido. Otimista convicto tento, com dificuldade, achar meios para dizer que tem jeito. Meios. Os melhores são dar o exemplo em si mesmo. Há outros caminhos que não passam nem por uma coisa, nem por outra. 

Adepto do “mais amor por favor”, vejo as pessoas se confrontarem gratuitamente e insistirem na divisão quase que segregadora. Ou você é direita ou esquerda. Concorda ou tá fora. Está lá ou cá. Tem que ser uma coisa ou outra, como se não houvesse outras opções. Há outras formas. Existem muitas possibilidades inventadas e a se inventar.

 Na ausência de bom senso a sociedade se desequilibra e quem quebra a cara é o coletivo. Não estamos indo por bons caminhos. Quando a inteligência e o bom senso faltam, sobra ignorância. O Brasil está sendo obrigado a se olhar no espelho. O reflexo não parece tão bom quanto imaginávamos. Mais importante que judicializar é politizar.

Mas o que vemos é uma politicagem na justiça e um juridisquês na política que despolitiza. Estamos diante de uma grave crise institucional. Mas, por que as instituições se sujaram ou por que as pessoas jogaram lama nas instituições?

O combate a corrupção se baliza nas leis, quando mais importante é se estabelecer em valores e na ética. Está tudo invertido. A própria confecção de leis pelo atual Congresso, salvo bravas vozes dissonantes, não estão investidas de ética. Pedimos remédios e nos devolvem veneno.

A ampliação das ferramentas de transparência não podem ser apenas instrumentos de vigília. Tem que ser acima de tudo uma forma de educar as pessoas. Todas as pessoas. Fato é que a corrupção não foi inventada agora ou ontem, tampouco existe apenas na política, no judiciário, nos poderes. Há que se punir. Mas punição por punição não resolve. A cultura sim ensina hábitos. É necessário mudar hábitos. E isso leva tempo. Mas não é por levar tempo, gerações, que não se deve começar de algum lugar. Avançamos. Mas estamos longe... E, mais longe ficamos com os retrocessos em pauta na republiqueta brasileira.               

Na feira de vaidades estabelecida nesse país, os enriquecimentos ilícitos e o tráfico de influência devem ser combatidos não só pela balança da justiça, mas pela regulação do legislativo e acima de tudo pelas vozes das ruas – no voto, pela democracia. E aí nasce toda a preocupação: a balança da justiça é altamente excludente e a tentação da pirotecnia a desequilibra como nunca antes.

O legislativo nacional faz ao contrário do que se espera e muitos de seus componentes agem em causa própria. As vozes das ruas são confusas e sendo a voz do povo a voz de Deus, Deus está se enforcando em suas próprias cordas vocais. Em comum, há um processo ligeiro de despolitização e corrupção em todos. Não dá para debater corrupção sem debater o ser humano. Sobra raiva, com razão. Mas a raiva perde sua provocação de mudanças quando não evolui para mobilizar afetos.

A pior ditadura é aquela não oficializada - logo despercebida ainda que nociva - não é combatida. Estamos em guerra e o inimigo somos nós mesmos.   Estamos diante de um momento crítico criado por nós mesmos como sociedade. O absurdo precisa ser repelido. Mas não se enxota absurdo com novos absurdos. Mais do que o cumprimento da letra fria da lei e suas adequações para ser mais justa, está a necessidade de uma revolução cultural que passa necessária e inevitavelmente pela politização.

Rechaçar a política é negar a si mesmo. Só a política muda a vida. Só a política pode mudar essa realidade. E, todos nós, somos seres políticos. Talvez, você concorde em parte ou não concorde com nada. Mas sei no fundo, que a indignação do Pedro é mesma de muitos outros bons brasileiros. O que me cativa é que só se indigna quem ainda tem esperança. Ainda que não diga, Pedro acredita que virão novos tempos pelo simples fato de estarrecer. Dias pacíficos. De ação.

Boas práticas serão imitadas, mais do que homenageadas. Sem a necessidade de super-heróis. A tolerância e o respeito farão com que o mundo seja um lugar de felicidade coletiva. E até a pessoa que inspirou a escrita deste texto admitirá que a grande mudança veio, porque todos nós mudamos, para melhor, é claro!     

 

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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