A cidade não é uma coisa só

Pelos próximos meses, a jornalista Laiane Tavares assina a coluna no lugar do titular Wanderson Nogueira. A Justiça Eleitoral determina que candidatos nas Eleições 2018 não podem apresentar, participar ou dar nome a programas de rádio e TV. A regra não se aplica aos órgãos impressos. Mesmo assim, o colunista e A VOZ DA SERRA, em comum acordo, optaram pela alteração neste período. Wanderson Nogueira volta a assinar o Observatório em outubro, após o período eleitoral.

Hoje é dia

• do anjo da guarda
• Internacional da Não Violência

O dia

No dia 2 de outubro de 1992, pelo menos 111 presos foram mortos após uma briga generalizada no Pavilhão 9 da penitenciária do Carandiru, em São Paulo. A polícia foi autorizada a invadir pelo coronel da reserva Ubiratan Guimarães. Ele comandou os policiais e foi condenado a 632 anos de prisão. O confronto terminou com a morte de 111 detentos.

Palavreando

“O respeito é dom, o amor é uma virtude, amar ao próximo, é de Deus”
(Juarez F. Sales)

Observando

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A cidade não é uma coisa só

Nos dois últimos fins de semana Nova Friburgo foi abraçada por manifestações antagônicas, a primeira uma carreata a favor do candidato Jair Bolsonaro, a segunda um ato contra o que representa para parte da população a candidatura de Jair Bolsonaro. Eu estive na segunda. Não voto em Bolsonaro. Não acredito na política da violência, e claro, também repudio a violência política.

Ambas manifestações tiveram adesão massiva da população, um recorte do quanto estamos divididos, mas também uma lembrança: a cidade não é uma coisa só. Nos fechamos em nossas bolhas e acreditamos que todos pensam como nós, e quando somos confrontados pela realidade de um mundo que diverge, não sabemos o que fazer. Daí nasce o ódio, o medo e o rancor. E se não aprendemos rápido que respeito é a base da vida, somos conduzidos pelo horror.

E é respeitando o direito de livre manifestação daqueles que apoiam o candidato Jair Bolsonaro, e reconhecendo que este movimento tem sua legitimidade e foi sim expressivo na cidade, é que encerro essa parte do assunto.

Agora eu só quero agradecer a cada pessoa que esteve na Avenida Alberto Braune no último sábado, 29, um momento que sem dúvida entrará para a história. Não estivemos ali apenas contra um candidato, mas pela vida das pessoas. Eu estive ali pela preservação da minha dignidade enquanto mulher, e pelo futuro da minha sobrinha, que não pode ser vítima de qualquer retrocesso em relação às lutas por igualdade de gênero, e por isso ela esteve lá comigo.

Eu estive ali pelas inúmeras pessoas que amo e que são gays e lésbicas, e pela vida das pessoas trans. Pessoas que existem nesta cidade, neste estado, neste país e neste mundo. E não podem ser invisibilidades ou marginalizadas por qualquer que seja o projeto de governo que pretende estar à frente desta multiplicidade chamada Brasil.

Estive ali, pelas mães que bravamente criam seus filhos sozinhas e que não podem, depois de tanta luta, terem seus lares reduzidos a casas de desajustados. Estive ali porque sou trabalhadora e não estou disposta a perder meus direitos trabalhistas. Estive ali porque precisamos vencer o racismo e não podemos dar nenhum passo atrás nesse sentido. Estive ali porque moro num país com mais de 13 milhões de desempregados, e precisamos de propostas efetivas e concretas na economia. Estive ali por quem lutou pela minha liberdade democrática. Estive ali porque nasci em um país que se propõe livre e não abrirei mão disso. Se você esteve ali comigo, obrigada. Provavelmente não nos conhecemos, mas só de saber que você existe e resiste em algum lugar, eu voltei a respirar.

Ordem de votação

Na contagem regressiva para as eleições, é preciso reforçarmos alguns detalhes, um deles é sobre a ordem de votação. Diferentemente das votações anteriores, este ano a escolha na urna, para deputado, foi invertida. Agora o deputado federal deve ser escolhido antes do estadual ou distrital. A Justiça Eleitoral definiu que, primeiro, vêm as eleições proporcionais e depois as definidas pela maioria dos votos. Assim, a ordem é a seguinte: primeiro voto, para deputado federal, com quatro dígitos; depois para estadual ou distrital, com cinco dígitos cada. Em seguida, a escolha é para a primeira e a segunda vaga no Senado, com três dígitos. Por fim, a votação para o cargo de governador, com dois dígitos, assim como para o cargo de presidente da República, o último a ser escolhido pelos eleitores.