Amei te ver

Você diz não duvidar de nada de mim. Eu comprovo sem duvidar do seu romantismo às avessas. "Não tenho romantismo", diz. Mas escreve lindos textos, crônicas, quiçá poesias. Sensibilidade aguçada de quem não consegue ver o mundo por ótica menos colorida. Finge frieza para calcular seu drama e ocultar que ama, quando ama por si e pelo outro. É uma defesa que motiva o ataque do companheiro que veste disfarce de adversário para quem sabe te entendendo - conquistar seu coração.

Já preferi tentar não te ver sabendo que amo te ver! E amei te ver por alguns minutos, por bocados de horas, quando queria mesmo é ser seu porque eu quis assim, me queira assim. Sou seu anjo protetor, querendo ser um pouco mais, sem nada menos. Ah! Viajaria com você nesse voo de quem não quer conhecer lugar algum a não ser se ver no brilho do seu olhar.

Brinco de ser estrela. Um beija-flor esquece a flor amarela e para só para poder me ver. Olhando nos meus olhos me diz que devo mergulhar nessa imensidão como uma estrela que se suspende no céu. Você é o azul do teto e eu o que você quiser.

Brincadeira séria essa de sentir saudade. Regozijo amar te ver e querer te ver mais e mais perto, tanto quanto dentro mora no meu peito. Residiria no seu abraço. Aqui, a morada está de portas abertas, janelas escancaradas para entrar por onde quiser, até pela chaminé que nem tem no telhado, mas que posso construir só para deixar mais um lugarzinho para que invada como adentra meus pensamentos.

Não iluda quem é fantasia ingênua impregnada de incrementos que em seus brilhos apenas buscam chamar a atenção. Há defeitos expostos nesses efeitos postos no espelho da emoção. Seu reflexo é toda motivação, inspiração, coroação desse sentimento que escapole pelo ar e se recusa a ser só mais um devaneio desses que o tempo vence.

Reclama de meus atrasos. Meus dez minutos são 20, 30, 40... O para sempre que é nunca e o nunca que é para sempre. Digo a verdade, enquanto passa as minhas músicas no carro mal ouvindo seus prelúdios. Espero sem querer esperar, mas espero porque te quero mais do que os meus quereres imediatistas.

Cruzo signos, faço contas de numerologia. Meu signo leão combina com o seu de touro. Meu ascendente também. Qual é o seu mesmo?

Nos embriagamos. Apresenta seus amigos e faz com que eu acredite que sou especial na sua biografia. Some, não responde e me prova que não é nada disso. Condeno minhas atitudes exageradas julgando que assusto. A culpa não é minha! Deixo o vento tocar o barco, enquanto trituro a necessidade de te tocar a face, mãos, peito e lábios. Mas o mesmo vento me leva a você.

Humildemente, insisto enquanto assisto seus passeios por outros intentos. Mas te procuro quando prometo não mais provocar. Reencontro. Junto minhas mãos às suas, quando minha boca deseja seu paladar. Minhas palavras ficam confusas quando ouço você falar. E, tem tanta lucidez na minha loucura...

Rio antes de deitar se penso em você. Rio no caminho de volta para casa. Rio quando ouço uma música que me traz você para perto. Rio chorando quando tenho que te deixar. Por que tem que ser assim?

Mas amei te ver e isso faz da despedida algo "menos ruim". Não sei quando te verei de novo. Quando te perdoarei de novo por ter me deixado à espera ou por simplesmente ter me feito tão bem, tão feliz a ponto de não querer outra coisa. Você mexe comigo e me faz pensar em sossego.

Se eu pudesse te fazer feliz ou se pudesse dizer que também amou ver alguém e esse alguém sou eu... Ah! Eu não só brincaria de ser estrela, como seria constelação inteira, planeta quem sabe ou simplesmente o maior dos anéis de Saturno.

Seria na forma humana, apenas quem te protege, cuida e te faz contente sem a pretensão de ser perfeito, mas com a vocação certeira de ser seu melhor namorado, amante fiel, menino bandido de seus momentos, herói de seus firmamentos.

Amei te ver e amo a ideia de te rever ainda que apenas nessas lembranças do quando e quanto amei te ver.