2:38

sexta-feira, 20 de maio de 2016

O início a gente não percebe. O meio e o fim nunca sabemos bem quando é. A vida é mesmo muito estranha. Se for se colocar a pensar...

O seu enredo tem muitas narrativas em linhas que se assemelham, se confundem, se contradizem. O tempo é algo tão raro que não há caro que o traduza. Se encontrar já é complexo. Se encontrar no tempo então...

Neste espaço, nesta hora, com essas pessoas. Eis aqui as mágicas coincidências que derivam do acaso ou da conjunção de inúmeras energias que unem você a mim, ele a nós, ela a todos os demais. Encontros dão o direito de nos encontrarmos. Convivência é vital para a vida. O que é fatal?

Enquanto escrevo, o destino escreve cheio de facetas a ironia que é a vida. Nascemos, crescemos, nos despedimos. Será que fomos feitos para aprender a dizer adeus? A lógica não é tão simples de se aprender. Talvez nunca aprendamos nem para nós mesmos. E é tão cruel e ao mesmo tempo sereno dizer adeus...

Às 2h38 acabou. Cessou. Ainda que o fim possa ser posto com hora e minutos em determinado dia, ninguém pode supor. O fim vem na hora que quer. O fim será fim quando bem entender, quer esteja preparado ou não.

O fim escolhe ser fim sem avisar e você nunca saberá. Por isso, do começo não percebemos e o meio e o fim podem ser a qualquer momento. É preciso viver, se comprometer, realizar. Porque ao fim sempre concluiremos não ter tido tanto tempo assim. O tempo será constantemente muito finito...

Quanta saudade que tenho saudade até da saudade que só durava um dia ou uma semana. A saudade do para sempre é a que mais dói. Não me destrói - peço. Como seguir? Prosseguir muitas vezes é a obrigação necessária que nos implica a insistir mais do que temer ou deter essa força estranha que nos une para invariavelmente separar depois.

A vida nos tira. A vida nos dá. E tirando e concedendo espalha milagres, pequenas maravilhas pelas nossas horas. Mais do que olhar atento é necessário aguçar a sensibilidade. Sentir é fundamento essencial da existência que pode não ser eterna.

Sela, cospe, dá de ombros, castiga. Evidencia, constrói, abre os braços, cativa. Há tanto nos segundos do minuto dessa hora. Haveria mais amor para além das 2h38. O amor segue mesmo quando a vida se decreta encerrada, porque outras vidas prosseguem, ainda que quebradas. O mundo podia parar só um pouquinho para se fazer curativos em almas sangradas. A despedida dói. A descrença perturba.

Se a fé manipula, mas faz se sentir bem que seja companheira... Enquanto puder resgatar, perdurar, facilitar que a fé permaneça. Se o tempo passar e a rosa gemer, a terra herdará o que o vento tratou de conter. As pétalas que correm naquele sangue que deixou de pulsar, serão veias para o norte da estrela saudade. Que sane a falta sem a pretensão de sarar a ausência que jamais cessará. Aquele rosto que sorriu para nascer está em paz. Quem recusaria a paz? O que vem depois do ponto final? Acrescente dois pontinhos e serão reticências...

Às 2h38 começou. Inaugurou. Nova versão para uma mesma música. O começo vem sem que tenhamos noção de seu início em hora e minutos de determinado dia. Espera, mas não se supõe. Nascemos para morrer de amor. Morremos para renascer do amor. O fim vem na hora que quer. O fim será fim quando bem entender, quer esteja preparado ou não. O fim escolhe ser fim sem avisar e você nunca saberá.

Por isso, do começo não percebemos e o meio e o fim podem ser a qualquer momento. Do começo podemos fazer qualquer coisa até o fim, ainda que não saibamos bem quando é o meio e tampouco quando será fim. O tempo será constantemente muito finito para qualquer um de nós... Jaz 2:38. O choro. O milagre. A alma. O coração.

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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