Somos ovelhas coloridas

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Quando o escritor começa a escrever tem responsabilidades, cada um de um modo particular, com o texto literário que vai construir; ele precisa cuidar do seu leitor.  Sua mente, então, abre as portas da sua biblioteca interior, alimentada pelo saber adquirido ao longo dos anos vividos. Quiçá oriundos de vidas passadas. Como também enriquecida pela genética; o inconsciente coletivo, que antecede a sua existência, faz o saber dos seus ancestrais tocar sutilmente suas reflexões. E, talvez, mesmo por todas estas razões, tenha necessidade de ler para enriquecer suas prateleiras. Quem escreve precisa saber o que vai dizer; tem finalidades.

Quem sabe, por querer me abastecer de saberes antigos, tenha sentido a vontade de ler a bíblia. Não com intenção religiosa. Porém com os olhos de um escritor que tem a curiosidade de conhecer as histórias que construíram a humanidade.

Não é a primeira vez que me deparo com tal vontade!

No Clube de leitura, lemos o livro A mulher que escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar, (Companhia de Bolso, 2007). Ao final da leitura, assistimos uma belíssima palestra sobre a Bíblia, proferida pelo estudioso teólogo, Professor Ricardo Lengruber Lobosco.  

Comprei a Bíblia Literal do Texto Tradicional, na loja virtual Amazon. Certamente, o e-book facilita o acesso a um livro de três mil páginas, aproximadamente. Desde já, começando a ler, uma ideia saltou da minha biblioteca, a literatura não é efêmera! Há textos que não morrem, permanecem vivos; anos, décadas, séculos e milênios. Ah, a palavra tem o poder de ordenar o mundo. Os textos são pastores. E, nós, ovelhas brancas, azuis, vermelhas e negras. Os escritores, furta-cores; a cada produção literária ganha uma cor e um tom.

Os livros, como a Bíblia, preservam histórias que transpassaram civilizações. Guardam-nas com dignidade e revelam o poder maior da palavra em todos os lugares e em todos os tempos. Apenas porque somos como ovelhas que precisam seguir um caminho para que a vida não se transforme num caos. Ah, como Aristóteles conhecia os distúrbios que a desordem pode causar ao indivíduo, às comunidades e aos países, colocando, inclusive, em risco a sobrevivência dos povos.

Os textos literários que se mantiveram vivos ao longo do tempo, contém o princípio da preservação humana. São como pastores inteligentes e dotados de humanidade que têm ovelhas fiéis e satisfeitas que os seguem, cujos músculos das pernas são fortalecidos pelas subidas íngremes. Pastores assim sabe dos caminhos pelos quais encaminharão seu rebanho, e suas ovelhas sabem se defender das chuvas e fertilizar os pastos.

Então, vou lendo aos poucos a Bíblia e trazendo aqui algumas conclusões. Vez em quando. Mas não se preocupem, jamais serei uma missionária. Serei libélula.

 

TAGS:
Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.