Colunas
Remadores e pombos
Semana passada, foi comemorado o dia do professor. Hoje, uma semana depois, faço-lhes, aqui, neste espaço literário, uma reverência. Não considero que esteja atrasada, uma vez que os professores merecem nossas homenagens todos os dias. Esta pessoa, a quem chamamos também de mestre, tem a nobre tarefa de promover seus alunos, iluminando formas criativas de pensar, motivando-os a descobrir conhecimentos, valorizando comportamentos saudáveis, estimulando modos de perceber, de pesquisar e de conceituar.
Vou honrá-los através de Rubem Alves, escritor e pensador humanista que marcou minha formação. Quando entrei no Mestrado em Educação, o primeiro livro que li foi “Conversas com quem gosta de ensinar”, ed. Cortez, de sua autoria. A leitura foi como o abrir das portas da universidade a nós, os novos alunos que chegavam cheios de entusiasmo, e teve a finalidade de nos mostrar que nada adiantaria terminar o curso com uma mala abarrotada de conhecimentos e títulos, se o amor não fosse a causa principal de estarmos ali. O primeiro impacto que o livro nos causou foi a percepção de que ser mestre não é ensinar, mas fazer o outro despertar, acordar para a própria existência, para mundo, numa postura de querer, mais e mais, ter acesso ao saber. Estávamos ali para aprender como cutucá-lo, para que seus olhos e sentidos estejam sempre abertos. Ah, não basta colecionar leques de instruções e palavras perfeitamente proferidas, apenas uma experiência de amor e de esperança, certamente fundamentada, é suficiente, capaz de fazer o outro ir além. Transformar-se.
O professor é um herói que pousa nos ombros daqueles a quem desperta. E, nós, estávamos ali, como alunos do Curso de Mestrado, não para sabermos dar remos, mas para conquistarmos a humildade de ser remadores. O educador nunca será um mero professor que faz carreira no magistério. Pelo contrário, é alimentado pela responsabilidade de expressar-se. É um ser em busca de sentidos, cujas palavras proferidas corroboram para que a vida social se constitua e aconteça. Os professores têm, enfim, uma missão determinante e perpétua na construção de uma nação, na medida em que as novas gerações precisam assimilar, acima de tudo, o sentido humanitário.
Aos mestres, todo o meu carinho.
P.S.: Recomendo a obra de Rubem Alves.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário