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Quando um escritor parte encantado para o universo
O escritor não é diferente de ninguém. Meramente, tem o prazer de escrever e, quando o faz, a sensibilidade e a arte iluminam sua alma. Talvez, porque fique estonteado com sonhos transformadores que explodem em sua mente, fazendo seu pensamento inebriar e rodopiar dias afora. É, decerto, uma pessoa insatisfeita, que deseja mais e mais; o que a vida lhe oferece é insuficiente. Ah, é um sujeito sujeitado, limitado por um pequeno corpo sem asas. É um ser interrompido a todo o instante, cujo olhar vai além do horizonte.
O escritor, tão efêmero como as nuvens brancas que fazem poemas no céu da tarde, finda. Ao partir encantado para o universo, não deixa silêncios; deixa palavras que tocam, a cada um de nós, de uma forma. E, nós, carregados de esperanças, vamos nos completando com pedaços de suas ideias. Somos rasos. Temos sofreguidão e queremos ir além; desejamos venturas para que possamos encontrar o aprendizado maior, o melhor do amor, a mais extravagante oportunidade. Por esticar os braços para ter o mundo nas mãos, buscamos em pensamentos nossos e alheios o esplendor da existência e o enobrecimento do viver.
Os momentos são feitos de detalhes, muitas vezes invisíveis ou pouco percebidos; perdem-se no tempo, fazendo com que fiquem mal resolvidos. Os escritores nos apontam para o não percebido, através de palavras bem resolvidas. Quando vão embora, suas palavras continuam a nos sustentar, a nos impulsionar. Por isso é que se tornam imortais.
As Academias de Letras os guardam com respeito, cuidam das suas obras como relíquias. Tanto assim fazem que a Academia Friburguense de Letras guarda em suas cadeiras: Antônio Feranado de Carvalho Silva, Hartmut Ernst Riedmaier, Aécio Alves da Costa, Rudá Brandão Azambuja, Dilva Maria de Moraes, JG de Araújo Jorge e tantos outros imortais.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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