Olhos de Natal

Hoje decidi que não vou escrever ensaios, vou mergulhar nas imagens desta época do ano, quando nós, já cansados dos dias virados, amarrotados e desdobrados do ano, vamos finalizá-lo. Agora é tempo de regozijo, quando reconhecemos que vencemos mais de um punhado de desafios e de encantamentos, quando deixamos nos seduzir pelo próximo ano; é uma semana de conexões com ideias para o futuro, com as memórias que brotam, inteiras e remendadas, fazendo e desfazendo projetos e laços afetivos.

Ah, como estou com vontade de viajar em uma crônica natalina!

Ora, Natal é uma data relevante do calendário católico em que o nascimento de Jesus Cristo é festejado em reuniões e encontros de família e amigos, em ceias e guirlandas, através de presentes e lembranças. É, de fato, uma data de aproximação, de abraços e de reencontros. Mas, também, pode ser um período de saudades, de solidão e de tristezas. Enfim, é um dia especialíssimo, como diria Machado de Assis.

Se observarmos bem, nossos olhos são furta-cor. Além da sua tonalidade se modificar com a luz, principalmente com a do dia, eles produzem um brilho próprio, de acordo com a situação. Na arquitetura do natal, as praças e as ruas são embelezadas artesanalmente, fazendo com que nossos olhos se percam entre as bolas, as luzes e os enfeites, compondo uma decoração bonita de se ver. À noite, nos centros das cidades, viajamos entre o presente, o passado e o futuro, onde tudo ganha o toque da magia. Nada é sertão, cacareco e nunca. Deixamos de ser vira-latas. O brilho dos ossos olhos nos transforma em Noel.

Se o sentido do Natal se tornasse parceiro do destino, nossos sonhos seriam acalorados pelos amanheceres seguintes. Jamais se tornariam purpurina, nem ficariam rodopiando travesseiros. Cada dia seria um grande espetáculo. E nossos olhos se acostumariam a acompanhar a estrela-guia.

Feliz Natal!