Colunas
Com serenidade e sorridência
Com justas razões, hoje, neste espaço literário, vou abordar a posse de
quatro escritores na Academia Friburguense de Letras. Eles foram esperados
por nós, e já faz tempo, confesso, pela expectativa de contribuições que
poderiam oferecer à nossa Casa, lugar de gente, cultura, literatura e arte.
Os quatro, José Francisco Aguiar do Amaral, Carlos Henrique Martins
Abbud, David Massena Gracioli e Flávia de Azevedo Gonçalves, estavam com
seus melhores sorrisos, as roupas mais bonitas e carregados de vontade de
participarem da AFL, como membros efetivos. Imortais.
A nossa vida acadêmica tem seus rituais; é protocolar. Entretanto, perdeu
aqueles antigos ares soberbos; agora é lugar de simplicidades. Ah, como a
humidade guarda sabedoria e acolhimento. Realmente, é preciso haver
resguardos, tudo o que nela é realizado, é cuidado e pensado. Posteriormente,
avaliado para que os erros não sejam repetidos. Os acadêmicos estão atentos
ao fazer literário para que a Academia possa cumprir seu papel: oferecer
contribuições para uma vida melhor, buscar a humanidade no emprego das
palavras e cuidar da língua portuguesa, como o maior patrimônio do Brasil.
Eles, os quatro novos acadêmicos, falaram das suas vidas e do valor que
a Casa de Salusse terá no destino de cada um. Demonstraram estar
conscientes da responsabilidade de serem acadêmicos e não foram tímidos ao
exibirem o orgulho de assumir tamanho compromisso. Ao lhe pertencerem
estarão, certamente, contribuindo para que a cidade de Nova Friburgo resgate
o seu melhor. Aqui era, há tempos passados, uma parada a caminho do céu,
como disse JG de Araújo Jorge. Hoje, apesar de bastante carente e sofrida,
ainda preserva fontes para recuperar-se. A Academia é uma delas, e suas
águas estão a cada dia mais cristalinas.
A AFL tem participado da vida cultural da cidade, fazendo-se presente
como entidade sem fins lucrativos, cujos acadêmicos são colaboradores ativos
e proativos, sempre preocupados em fazer da melhor forma seus trabalhos.
São cidadãos que apreciam palavras, gostam de gente e amam Nova Friburgo.
Por guardarem tanto afeto pela vida friburguense, trabalham com afinco e não
medem esforços. E são felizes por isso. Os quatro apresentavam, sem
reservas, tal disponibilidade, talvez porque conheçam do poder das palavras e
saibam lidar com elas. Ou porque tenham suspeitado de que, na Casa de
Salusse, poderiam adquirir uma sabedoria maior ou crescerem ainda mais
como pessoas de boas ações e intenções. Quem sabe porque tenham a
vontade de conviver com amigos probos. Ou apenas queiram grassar suas
ideias.
O fato é que todos, eles e nós, ficamos emocionados por ultrapassarmos
a materialidade dos anseios e a superficialidade das relações interpessoais.
Não foi à toa que se referiram aos personagens Atreyu e Pequeno Príncipe.
Ambos, em suas histórias, lutam contra o desamor. Apesar de serem
consideradas obras infantis, possuem raízes humanamente briosas.
Nenhum de nós, os idealistas da Academia Friburguense de Letras, quer
que Nova Friburgo pereça como Artax. Todos queremos o florescimento do
nosso lugar serrano, no meio da Mata Atlântica. Somos orgulhosos por isso e
caminhamos em paz.
P.S. A palavra sorridência não existe na língua portuguesa. Mas, aqui,
me utilizei da licença poética. Afinal de contas, sorridência tem uma pronúncia
suave e bonita.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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