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O processo de escrita tem fases distintas. A primeira é solitária, silenciosa; é uma conversa, quase interminável, com nossos bolsos e botões, que reúnem momentos suspirosos, de certa forma angustiantes diante da folha em branco, que suscita a construção de um texto. É um trabalho de rendeiro, que vai tecendo, linha após linha, os fios de uma ideia, concretizando-os em literatura.
Como o escritor é derivado do homo sapiens, ser essencialmente social, ele reconhece que precisa de outros com quem compartilhem seu trabalho. A atitude diante de sua criação precisa ter humildade. Inteligentemente, solicita a colaboração de outros, que nada mais é do que formas de cooperação. A literatura é fruto de um trabalho literário em equipe, sendo a sua primeira etapa essencialmente individual. Até porque que são nesses momentos que a autenticidade da obra de define, que pode ser enriquecida e aprofundada pela cooperação saudável, que envolve a respeitosa interação de outros pontos de vista.
Todo o trabalho literário que realizo expressa o viés de uma ação conjunta. Mas, hoje, gostaria de trazer para esta coluna a experiência que tive com Zum-zum-zum das montanhas: histórias de Nova Friburgo. A começar que o texto foi escrito a quatro mãos, quando a Maria Janaína Botelho foi acrescentando os fatos históricos a cada traçado de ficção que eu dava aos contos. Foi um processo agradável e rico porque os acontecimentos que fizeram a nossa cidade ser o que é permeassem toda o processo de criação literária.
Que foi enriquecido pelas imagens de Ana Gabriela Malcher Campitelli, que foi traçando, através de recortes de revistas, papéis coloridos e colagens, as emoções emanadas dos textos.
O olhar do geólogo, mestre e doutor Artur César Bastos Neto também iluminou a construção do livro, na medida em que nos trouxe informações corretas sobre o relevo de Nova Friburgo. Ah, este cinturão central da Mata Atlântica, situado no mais alto lugar da Serra do Mar, precisa ser descrito com séria fidedignidade.
Como a nossa romântica língua nos apresenta tantos desafios, o mestre das letras, Robério José Canto, de modo meticuloso e cuidadoso, tratou dos nossos textos. Palavra por palavra, Frase por frase. Página por página. E confesso, quando terminei o trabalho, dominava melhor a nossa língua portuguesa.
A escritora e poeta, com seus experientes olhos de lince, Lila Maia, deram o toque artístico e harmonioso dos textos com a ilustração. A cada conto, toda sua sensibilidade literária emanava em suas opiniões fortes e alegres.
Marcelo Cruz veio finalizando todo o trabalho, diagramando o livro, página por página, cuidando da sua finalização.
Foi um intenso trabalho de equipe de quase dois anos. Muito feliz, como todos.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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