Colunas
Viagem à vista
Como faço com certa regularidade, sábado parto para a Europa, onde residirei por três meses. Assim sendo, essa é a minha última crônica escrita em Nova Friburgo, até meu regresso. Mas, como viajarei para o velho continente em navio, na realidade minha ausência será de quatro meses, pois a companhia escolhida por mim, para a travessia Brasil-Europa, faz o percurso em 18 dias. Como nos navios a internet não está disponível, não sei se conseguirei manter minha regularidade, de uma crônica por semana. Minha chegada à França, na cidade de Marselha, está prevista para cinco de abril e, então, poderei voltar ao meu habitual, principalmente depois do dia 8, quando finalmente estiver instalado no estúdio que aluguei.
A travessia do Atlântico via transporte marítimo sempre foi um sonho. Na minha fase de adolescente era muito comum os pais mandarem seus filhos, nas férias, para a Europa e o meio de transporte de escolha eram os transatlânticos. Essas férias para uns poucos sortudos durava, em média, 45 dias, pois se gastava um mês no trajeto ida e volta e os outros 15 dias eram reservados para roteiros adquiridos previamente, nas agências de viagens da época. Meus pais não tinham condições de me bancar nessa aventura, mesmo como prêmio pela entrada na faculdade de medicina, presente que muitos ganhavam por essa importante conquista.
O tempo passou e durante minha vida profissional, as férias de trinta dias inviabilizavam esse tipo de aventura, daí o avião ter sido sempre o meio de transporte preferido. Agora, que sou vagabundo nas 24 horas do dia, como já dizia Fernando Henrique Cardoso ao se referir aos aposentados, posso me dar ao luxo de realizar esse sonho.
Vou tentar mudar o foco de meus artigos em viagens anteriores, não me restringindo ao jornalismo de turismo, a uma espécie de diário de uma viagem. Procurarei estabelecer uma comparação dos problemas vividos pelos europeus, no seu dia a dia, seja no campo econômico, político e de lazer, com os nossos. Aliás, se o Brasil está em crise, ela não é um privilégio, pois todos os países europeus, uns mais outros menos, passam por momentos conturbados, principalmente no que se refere aos atentados terroristas. Volta e meia temos notícias de ações violentas, com vítimas fatais, na França, Alemanha, Inglaterra e Espanha.
A Holanda sofre com a possibilidade de uma mudança radical, pois o candidato da extrema direita tem possibilidades de chegar em primeiro lugar na corrida rumo à cadeira de primeiro-ministro. Uma vitória do candidato Geert Wilders, do Partido da Liberdade (PVV), é vista por analistas políticos como ameaça para a União Europeia. Não só pelo fato dele defender a saída do país do bloco europeu, mas porque poderia causar reflexos nas eleições francesas, em abril, onde Marine Le Pen, oriunda de um partido de extrema direita, está bem cotada.
A empreitada não será fácil, mas como tenho conhecidos na França, Alemanha, Suíça e Itália, não deve ser um bicho de sete cabeças. Como vou tentar um estágio no jornal Le Dauphine Libéré, da cidade de Chambéry, talvez possa ter acesso a informações que darão mais sustentação ao que for pesquisado e escrito.
Aos meus leitores, um até breve.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário