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Universitário morre de maneira estúpida em São Paulo
terça-feira, 16 de abril de 2013
O crime bárbaro e estúpido em São Paulo, que ceifou a vida do universitário Vitor Hugo, de 19 anos, na última sexta-feira, deveria nos levar a uma séria reflexão. De um lado, os defensores do atual Estatuto da Criança e do Adolescente permanecem irredutíveis com relação a um possível endurecimento nos seus conceitos; de outro, pessoas mais sensatas e realistas acham que é chegada a hora de se modificarem os parâmetros nos quais ele se baseou, para que o estatuto não vire um refúgio para infratores muitas vezes irrecuperáveis.
O mais chocante é o fato de não se levar em conta um princípio básico e totalmente esquecido. Será que os defensores desse estatuto se lembram que um jovem foi assassinado, que seu direito de ir e vir foi interrompido abruptamente por um marginal já formado? Basta ver as várias passagens de Geanderson Castelo pela polícia para se ter uma ideia da sua periculosidade. Um ser irrecuperável ficará três anos em regime fechado, sendo libertado em seguida, com carta branca para cometer outros delitos. Aliás, seu ato covarde tinha a intenção de matar, tanto é assim que a reportagem nos jornais televisivos mostra que sua arma picotou por duas vezes antes do tiro fatal.
Chegamos a um ponto no Brasil em que não se pode mais circular livremente, desfrutar em paz o direito de ser cidadão, pois o risco de se perder a vida de maneira fútil é muito alto. O pior é que quem impede essa prerrogativa constitucional é amparado por leis e estatutos que deixam a perversa impressão de ser essa a maneira correta de se exercer nossa cidadania.
Um funcionário do governo declarou que baixar a maioridade para 16 anos, como é o anseio de muita gente, acarretaria uma despesa adicional para manter o sistema prisional brasileiro. No entanto, se calcularmos o montante de impostos pagos por cidadãos produtivos assassinados, se levarmos em conta que muitos deles teriam uma contribuição importante para a sociedade em função de suas potencialidades, essa alegada despesa passaria a ser investimento, e não prejuízo.
Além do mais, o que é mais trágico, a destruição não é só de uma vida, mas de várias, pois toda a família é atingida de maneira definitiva, permanecendo para sempre uma marca difícil, impossível mesmo de ser removida.
A verdade é que a lei em nosso país leva a punições muito leves, quando deveriam se mais severas e, ao contrário, punem com rigor quando deveriam ser mais brandas; uma inversão total de valores. Um exemplo flagrante disso foi a punição de apenas 22 anos imposta ao ex-goleiro Bruno, condenado pela morte de sua ex-namorada. Será que juíza e jurados em algum momento levaram em consideração a tortura mental por que passou aquela moça em cárcere privado, sabendo que ia morrer?
No caso de Vitor Hugo, seu assassino, por ser “de menor”, já que o crime foi cometido três dias antes de Geanderson completar 18 anos, ficará apenas três anos recolhido numa instituição socioeducativa para menores infratores. O mais revoltante é que enquanto Vitor Hugo teria algum tipo de contribuição a dar para a sociedade, já que como estudante teria toda uma vida produtiva pela frente, Geaderson, ao ser libertado, poderá continuar seu rastro de crimes e destruição, até que uma bala santa o leve para o quinto dos infernos.
Lembrem-se aqueles a defenderem o ECA como ele está que Vitor Hugo poderia ser um de seus filhos…
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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