Uma viagem de navio pelo rio Sena

quarta-feira, 30 de outubro de 2013
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Um sonho que sempre tive e sempre adiado foi o de fazer um cruzeiro pelo Sena, rio mais famoso e importante da França. Assim, quarta-feira da semana passada, embarcamos no navio fluvial France, no cais de La Grenelle em Paris, para uma viagem de cinco dias até a cidade de Honfleur, situada no estuário do Sena no Oceano Atlântico. 

A saída é na direção contrária, para que o jantar possa ser servido enquanto os passageiros admiram Paris à noite. O tour termina um pouco depois da Île de la Cité, onde está a catedral de Notre Dame e passa por locais que me eram desconhecidos, mas colocando sempre em evidência as belezas da "cidade luz”. Mesmo com o frio de doze graus, a área de lazer do navio estava cheia, pois Paris à noite é algo difícil de descrever.

A parada seguinte foi em Conflans-Sainte-Honorine, para uma visita ao castelo de Versalhes. A França não é Itu, mas o castelo é imenso, uma obra faraônica do século XVII como muitas do Brasil do século XX. Os jardins são tão vastos que necessitam, hoje, de 1000 empregados para sua manutenção. Uma curiosidade: não há fontes de água próximas a Versalhes e ela tem de ser captada no rio Sena e bombeada para um reservatório. Na época do rei Luís XIV, só o jardim necessitava de 6000m³ de água por hora. Haja imposto. 

O navio parou em Vernon, onde o jantar foi servido, levantando ancora de madrugada rumo a Rouen, segunda cidade da chamada "bacia parisiense”. O porto de Rouen é, atualmente, o terceiro mais importante da França e o principal porto exportador de cereais da Europa. Sua história está ligada a Joana d’Arc, responsável, durante a guerra dos cem anos contra a Inglaterra, pela liberação da cidade de Orléans e da coroação de Charles VII como rei da França, em 14 de julho de 1429, na cidade de Reims. Foi em Rouen que essa heroína francesa, canonizada pelo Vaticano em 1929, foi queimada viva. Capturada na batalha de Compiègne e abandonada por Charles VII, ela foi condenada por heresia e executada na Praça do Velho Mercado, onde foi construída, em 1979, uma igreja de concepção moderna em sua homenagem. 

A parte antiga da cidade, toda em estilo normando, pois Rouen faz parte da Normandia, é muito bonita, sendo sua catedral uma obra-prima. Na última semana de outubro começa a festa de São Romão, famosa na região, com duração de 30 dias e visitada por mais de três milhões de pessoas.

A última escala foi em Honfleur, cidade portuária, hoje transformada numa grande marina, daí o nome francês de "port de plaisance”. Foi de Honfleur que partiu a expedição de Jacques Cartier que descobriu, em 1534, o Canadá e, particularmente, a cidade de Quebec. A cidade tem como atração a Catedral de Santa Catarina, cujo início da construção é do século XV. Tem o formato de um casco de navio de cabeça para baixo e a torre do sino (clochet) situa-se a uma dezena de metros do corpo central da Igreja. Na realidade é algo estranho: igreja de um lado e torre do sino do outro. Ela é toda construída em madeira de Castanheira, com pilares e armação  com um de comprimento inusitado.

Não é um cruzeiro exclusivo dos franceses, pois é frequentado por turistas de outras nacionalidades, inclusive brasileiros. É uma atração turística que vale a pena.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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