Uma semana de jogos olímpicos

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

No último sábado, 13, a Rio 2016 completou uma semana, nesta que é a primeira olímpiada em solo sul americano, na história desse grande evento. Infelizmente, o desempenho dos atletas brasileiros segue pífio, com um quadro de medalhas muito abaixo do que fora previsto pelo Comitê Olímpico Brasileiro.

Até agora conseguimos uma de ouro e duas de bronze, no judô, além de uma de prata, no tiro ao alvo, na prova de pistola com alvo a dez metros. Aliás, um feito do paulista, Felipe Almeida Wu, pois desde 1920, na Antuérpia, quando o Brasil fez sua estreia nos Jogos Olímpicos e ganhou ouro no tiro ao alvo, que não sabíamos o que era um pódio, nessa modalidade.

Nosso medalhista chamava-se Guilherme Paraense e sua conquista deu-se no tiro com pistola com alvo a 25 metros. No domingo, 14, mais duas medalhas, uma de prata com Diego Hipólito e uma de bronze com Arthur Nory, ambas na ginástica artística.

No entanto, nesta segunda semana, quando teremos as finais das disputas por equipe, nossas chances devem melhorar, pelo menos é o que ocorreu nos jogos anteriores. Além disso, a vela é uma esperança, pois nossos velejadores, em suas respectivas classes, seguem com chances. Depois do judô, decepção esse ano, é a nossa segunda fonte de medalhas.

Mas, infelizmente, o Brasil jamais conseguiu inscrever seu nome entre as nações olímpicas e sempre dependeu de atletas isolados, que de tempos em tempos se destacaram no cenário internacional. Não temos a aptidão nem a vontade de garimpar e lapidar possíveis futuros atletas de elite. Quando queremos temos capacidade para tal, basta ver o salto em qualidade e desempenho que as seleções masculina e feminina de voleibol atingiram nas últimas décadas.

 Conversei com um amigo que mora e trabalha em Portugal, como professor de educação física; seu foco são alunos do primeiro e segundo graus, justamente na idade onde tomam gosto pelos esportes. Ao contrário daqui, existe um calendário a ser seguido, as escolas contam com espaços adequados para a atividade esportiva e a preocupação maior é a práticade uma atividade lúdica. O objetivo é despertar a atenção e vontade de praticar um esporte e, quem sabe, competir no futuro.

Nossas escolas, salvo raras exceções, não dispõem de instalações adequadas, muitas nem as tem, com professores sem formação ou estímulo para lidar com crianças ou jovens. Além disso, incorrem em alguns erros que prejudicam, e muito, a formação de um atleta.    Nas escolinhas de futebol, por exemplo, aguçam o sentido de competição, inculcando o sentimento de que o objetivo é ganhar sempre. Além disso, não deixam que a escolha por uma posição no time seja fruto do gosto e da escolha pessoal.

Ora antes de ganhar, o futuro atleta tem que aprender a competir, entender que ser vitorioso ou não depende de uma série de fatores e, conhecer, através de treinos e palestras, os segredos de cada posição.  Só assim saberá se será um bom defensor, criador ou apoiador das jogadas ou aquele que se torna especialista em concluí-las.

A torcida brasileira tem dado um show no tocante à participação e ao estímulo aos nossos atletas. Lógico que muitas vezes se excedem, chegando até a prejudicar o desempenho de alguns, nas competições que exigem concentração. Mas, não podemos nos esquecer que os eventos de grande porte não são comuns entre nós, portanto, não estamos habituados.

Se os ingressos não fossem tão caros, o que leva muitos a comentarem que se trata de uma competição de elite, talvez nossas arenas olímpicas estivessem mais cheias, com maior participação do público e ajudando nossos competidores a tirar aquele a mais em suas disputas.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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