Um programa voltado para a terceira idade

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Em agosto, uma das emissoras de televisão de Nova Friburgo deve estrear um programa cuja temática será, a princípio, voltada para a terceira idade. Através de entrevistas e reportagens, vai procurar manter esse segmento importante da população em dia com assuntos relativos a saúde, cultura, lazer, atividades esportivas, além de orientação jurídica, gastronômica e nutricional.

Não devemos nos esquecer de que há hoje no mundo cerca de 893 milhões de pessoas com mais de 60 anos; no Brasil, somos aproximadamente 23,5 milhões (estimativa do IBGE de 2013), número que deverá chegar aos 58,5 milhões em 2060. Haja idoso, inclusive eu. 

De acordo com o IBGE, as mulheres continuarão vivendo mais do que os homens, sendo que a média de vida delas é de 70,5. Para os homens, essa média baixa para 71,5. Em 2060, a expectativa de vida delas será de 84,4 anos, contra 78,3 dos homens. 

Esse aumento da longevidade é consequência de vários fatores, entre os quais podemos citar uma maior preocupação com o aspecto corporal, o que leva a um aumento da frequência de idosos nas academias de ginástica, nas aulas de natação e nas clínicas de estética; uma maior preocupação com a alimentação, que tende a se tornar mais saudável com uma menor ingestão de gorduras e maior ingestão de alimentos naturais, como frutas, legumes e hortaliças, com ênfase nos alimentos ricos em fibras. Essa mudança de hábitos de vida leva a uma manutenção do peso, o que diminui o desgaste das articulações dos membros inferiores, diminuindo a incidência de artroses e artrites. Essas medidas vão manter a capacidade de deslocamento dos idosos, além de prevenir as doenças cardiovasculares, principalmente a hipertensão arterial. Com isso, os idosos também se livram do sedentarismo precoce. Por outro lado, as vacinas, os antibióticos e as medidas de higiene livraram a humanidade de várias infecções ou complicações, o que teve como consequência esse aumento da expectativa de vida. Sem falar de uma maior aderência às medidas preventivas, com um aumento de consultas aos cardiologistas, ginecologistas e urologistas, geriatras, clínicos e dermatologistas, para revisões semestrais e anuais. É o reforço da máxima de que é melhor prevenir do que remediar.

A título de curiosidade, no Brasil o número de crianças até quatro anos caiu de 16,3 milhões em 2000 para 13,3 milhões em 2011. No último censo, o IBGE mostrou também que a participação do grupo com até 24 anos caiu de 47,4%, em 2002, para 39,6%. Isso demonstra, na prática, que o Brasil está deixando de ser um país jovem como se apregoou até pouco tempo, pois a "melhor idade” passa a ter um contingente maior, em função desse aumento da expectativa de vida.

Portanto, é preciso que nossas autoridades, que nunca souberam o que é planejar e nem a importância de fazê-lo, comecem a preparar o nosso país para as necessidades que os idosos já têm e vão ter ainda mais. Um exemplo dessa falta de planejamento, e nisso Friburgo se destaca, é a má conservação de nossas calçadas, sempre desniveladas e esburacadas, o que prejudica o deslocamento dos mais velhos. São eles que têm mais dificuldades para andar, em função de uma diminuição da capacidade de equilíbrio inerente à própria idade, daí o risco de fraturas numa queda. Além disso, campanhas educativas se fazem necessárias, pois a educação de antigamente, em que os mais novos cediam seus lugares para os mais idosos no transporte urbano é mesmo coisa de antigamente. Na atualidade, nem os assentos específicos para idosos, gestantes ou deficientes são respeitados.

Devemos ter sempre em mente que o jovem de hoje será o idoso de amanhã.


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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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