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Um por todos, todos por um. Friburgo merece o nosso esforço
Não importa para qual montanha dirijamos nosso olhar, na Friburgo do pós 11 de janeiro, que veremos um deslizamento de terra seja de pequena ou de grande amplitude, colocando à mostra a fragilidade do solo da cidade. É importante termos nossa atenção voltada para esse fato, pois fica claro o risco implícito de novas construções, na mesma cota de terreno ou acima, o que poderia resultar em futuras tragédias. “O Plano Diretor Participativo de Nova Friburgo foi considerado um dos dez melhores do Brasil. A Prefeitura de Nova Friburgo, através do Programa Pró-Cidade, chegou a receber em Brasília o prêmio Caixa - Melhores Práticas em Gestão Local, em função do Plano Diretor do município”. Esse plano foi concluído em novembro de 2006 e homologado em janeiro do ano seguinte, no entanto ele ficou engavetado por dois anos, devido a um impasse entre a Camara Municipal e o governo da época, conforme noticiou o jornal A Voz da Serra em 27/04/2009.
Ou seja, dois preciosos anos foram perdidos, o que acelerou uma maior ocupação desordenada de um solo que já tinha sérios problemas de utilização. A nossa topografia é muito semelhante à de algumas cidades da Suiça onde o terreno montanhoso é a tônica. O diferencial é que lá, as contruções altas são muito poucas e, na realidade, entradas disfarçadas de armazenamento de material bélico e mesmo de aviões que seriam mobilizados, com rapidez, em caso de invasão do país. A cota de construção em área montanhosa é baixa, o que limita acidentes da natureza dos ocorridos em Friburgo. Além do mais, lá as cidades não crescem num ritmo tão acelerado como foi o nosso, nos últimos 40 anos.
A população, principalmente aqueles que perderam entes queridos ou bens materiais têm que estar mobilizada, pois não podemos deixar que ocorra aqui o que é comum nesses casos. Passado o momento de comoção, findos os trabalhos das equipes de apoio, a cidade volta à sua rotina, apenas mais triste e menos atraente do que antes da tragédia. Vide Angra dos Reis em que só 30% das obras iniciadas foram efetivamente concluídas após um ano, com muitos desabrigados ainda à espera das casas prometidas no auge dos acontecimentos. O mesmo ocorreu com as vítimas de Blumenau, cidade muito castigada por enchentes ao longo dos anos.
É preciso uma fiscalização efetiva supervisionada pelos órgãos competentes, pois as verbas destinadas à reconstrução de Friburgo precisam primeiro chegar e, depois, serem usadas nos locais em que a necessidade é real; todo cuidado é pouco quando se trata de dinheiro público ou privado, pois os atalhos da administração pública são incontáveis e perigosos. Para reforçar o que dissemos acima, na semana passada o TCU restringiu o ritmo de modernização do Maracanã (Estádio Mário Filho), por irregularidades encontradas nas licitações das obras. Portanto todo cuidado é pouco, ainda mais quando aumentam os relatos, verdadeiros ou não, de desvio de roupas, material de limpeza e gêneros alimentícios revelados por muitos dos que auxiliaram no recolhimento e distribuição das doações que aqui chegaram, vindas de todos os cantos do país.
O momento é de esforço conjunto entre as autoridades e a população, com o objetivo maior de reconstruir a cidade e devolver aos friburguense nativos ou adotados, o orgulho de morar numa cidade cujas riquezas naturais são seu maior cartão de visitas, além de restabelecer sua importância como polo econômico.

Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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