Turista argentina baleada em Santa Teresa

quinta-feira, 02 de março de 2017

Ladrões e traficantes, não os de colarinho branco, podem ter dinheiro, mas nem um pingo de inteligência. O quarto turista estrangeiro baleado por bandidos, na entrada de favelas do Rio de Janeiro, mostra como, na realidade, não passam de pés de chinelo, com cérebro de jerico. Aliás, os fabricantes de GPS deveriam, como fazem as montadoras de automóveis, com alguma frequência, promoverem um recall nessas verdadeiras arapucas vendidas no Brasil. São inúmeros os casos de pessoas, tanto faz de turistas ou de moradores do Rio, que volta e meia entram em favelas, por erro na orientação desejada. Tenho certeza absoluta que de sã consciência ninguém opta por um turismo de emoções, entrando com a cara e a coragem nas “comunidades” cariocas.

Ora, o turismo é considerado a quinta indústria em arrecadação de divisas, de um país, tamanho é o volume de dinheiro que entra na sua economia. Portanto, é uma fonte de renda importante a engrossar o PIB de uma nação e as de primeiro mundo investem pesadamente nesse setor. França, Espanha, Portugal, Alemanha, Grécia estão entre os países europeus que engordam os respectivos PIBs, com fluxo sempre crescente de visitantes que gastam somas consideráveis em dinheiro, nas várias visitas aos seus pontos turísticos.

Assim, acontecimentos deploráveis como o ocorrido com essa turista argentina, em plena segunda-feira de carnaval, ao ser baleada na entrada do Morro dos Prazeres, em Santa Tereza, depõem contra o Rio de Janeiro, fazem uma propaganda negativa da cidade. Ela queria visitar o Cristo Redentor, de carro, e o seu maldito Google Maps a enviou para uma sucursal do inferno. Para se ter uma ideia do descaso dos fabricantes de GPS para com o consumidor, o Hotel Íbis Itaboraí está situado na Avenida 22 de Maio; acontece que existe outra via com o mesmo nome, do outro lado do município, próxima da Rodovia dos Duques e, pasmem, é a que está marcada no GPS. Um viajante desavisado é induzido ao erro e, principalmente à noite, pode se dar muito mal.

Em locais onde existe gente civilizada, se um veículo desconhecido adentra o seu território, ele seria parado, aos seus ocupantes seria perguntado qual o destino desejado, comunicado o erro no trajeto e orientados a pegarem outro rumo. Infelizmente, nas “comunidades” do Rio, dominadas por bandidos em total falta de conexão com o que seja viver em sociedade, atira-se e fogem em seguida. Covardes em altíssimo grau, pois suas vítimas são pessoas do bem e sempre desarmadas. São muito parecidos aos valentões que cometem barbaridades no trânsito e resolvem a parada na bala, pois são incapazes de dialogar e nem se garantem na mão.

Cada atentado estúpido, animalesco mesmo, numa cidade por demais marcada pela violência, como é o Rio de janeiro, repercute na imprensa internacional. São sempre notícias com alto teor de dramaticidade, cuja consequência óbvia é o conselho de cortar a Cidade Maravilhosa do roteiro turístico de quem se dispõe a visitar o Brasil. Aliás, sábio conselho, pois pessoas inteligentes e bem informadas jamais pisariam o Rio de Janeiro para turismo individual. Mesmo o promovido por excursões é complicado, a não ser que os dias livres sejam passados trancados no hotel ou com a contratação de uma empresa de turismo receptivo. Ou seja, o destino será traçado pela empresa e o translado ponto a ponto.

E onde estão as nossas autoridades? As que ainda não estão trancafiadas estão morrendo de medo de terem o mesmo destino das que já estão engaioladas. Pensam muito mais em salvar a própria pele do que resolver os problemas daqueles cidadãos que pagam impostos e vivem honestamente. É por essas e outras que levaremos, ainda, muito tempo para nos tornarmos um país de primeiro mundo e sem a pecha de violento.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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