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TSE barra a candidatura de Luís Inácio
Por seis votos a favor e um contra, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu o óbvio, ou seja, confirmar a inelegibilidade do pretenso candidato Luís Inácio da Silva. Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro; como essa pena foi proferida por um órgão colegiado, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre-RS, ele passou a infringir a lei da Ficha Limpa, estando por oito anos, impedido de disputar qualquer cargo eletivo.
O mais estranho, para não dizermos ridículo, é que o único voto discordante foi proferido pelo ministro Edson Fachin, que alegou estar de acordo com a orientação do Comitê dos Direitos Humanos da ONU. No entanto, esse mesmo magistrado, pertence, também, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e é titular da famosa 2ª Turma, aquela que é pródiga em conceder habeas corpus para implicados na operação Lava Jato. Nessa turma, ele sempre votou contra a concessão desses habeas corpus e sempre se posicionou em defesa das condenações, inclusive a do ex-presidente. É no mínimo um contra senso, pois todos os demais membros do STE votaram contra a candidatura de Lula e disseram que esse comitê é um órgão subalterno da ONU e que não pode passar por cima das leis de um país.
Essa votação, a meu ver histórica, foi um balde de água fria nas intenções espúrias do Partido dos Trabalhadores (PT), que visava única e exclusivamente tumultuar o processo eleitoral, difundindo até onde pudesse, a ideia de que Luís Inácio é um preso político, embora totalmente falsa, e confundindo a cabeça dos menos esclarecidos. Na realidade, o partido ficou numa sinuca de bico, pois o relator do julgamento, ministro Luís Barroso, deu o prazo de dez dias para que outro candidato seja indicado; caso isso não aconteça, o PT ficara impedido de disputar as eleições presidenciais.
Num país sério, o que não é o nosso caso, um presidiário jamais poderia se lançar candidato a qualquer cargo público, pois seus direitos civis estariam suspensos até o final do cumprimento da pena. Além do mais nunca um detento teve tantas regalias como essa que é mantida pelo ex-presidente. Reprova-se o uso de celulares e dos advogados, verdadeiros pombos correios, que trazem as ordens dos traficantes e criminosos para fora dos presídios. No entanto, apesar de lhe ser vedado o uso de celular, a comunicação de Luís Inácio com o exterior não tem limites e, como presidente do partido, dita as diretrizes a serem seguidas por seus correligionários. Estão sendo usados dois pesos e duas medidas.
Nossa classe política é uma das mais desacreditadas e desmoralizadas do planeta, o quem com toda certeza vai contribuir com um número elevado de votos nulos e em branco, sem contar com uma alta taxa de abstinência. É triste, mas uma realidade, mesmo levando-se em consideração o fato de estarmos diante de um momento crucial para o Brasil. A indústria brasileira botou o pé no freio, contratando pouco, investindo menos ainda, o que mantém o nosso nível de desemprego bastante elevado. Nosso PIB hoje é o menor entre os países componentes do BRIC, a saber, Brasil, Rússia, Índia, China e, mais recentemente, África do Sul.
A tão esperada renovação da política brasileira ficará para outra ocasião, pois não houve mudanças e os postulantes, com raríssimas exceções, são os mesmos. A tão desejada reforma política não sairá do papel porque sem renovação, nenhum político será capaz de cortar a própria cabeça. E, infelizmente, a maioria do eleitorado não tem cultura política para dar um basta em tanta mediocridade.
P.S: Infelizmente, um acervo cultural com 200 anos de existência foi reduzido a cinzas na noite do último domingo, 2. Trata-se do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de janeiro. Falarei do ocorrido na próxima semana.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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