Colunas
Triste país, triste estado do Rio de Janeiro
Não gosto muito de abordar, nas minhas colunas, temas do futebol, mas abro um parênteses aqui, pois a meu ver, o velho esporte bretão é um reflexo de um país, de um estado. Chegamos a tal ponto de descrédito que no dia seguinte à desastrada apresentação da equipe brasileira, contra a do Paraguai, esse reclamava, e com razão, o fato de ter empatado com o Brasil. Em tempos não muito remotos, isso era impensável, principalmente, a comemoração de Dunga por não ter perdido o jogo, resultado que seria muito mais justo.
Quanto ao campeonato do Rio, é lamentável o que ocorre nesses últimos anos, com piora acentuada de 2014 em diante. No ano da copa, ficamos sem o Maracanã, em obras (as eternas), pois o estádio seria palco da grande final. Diga-se de passagem, num clássico que não era decisivo, em 1976, as equipes do Vasco da Gama e Flamengo colocaram no estádio 174 mil pagantes, hoje sua capacidade máxima não ultrapassa os 80 mil torcedores. Aliás, nas próximas obras deve se transformar em um anfiteatro com capacidade limitada.
Em 2016, ano das Olimpíadas, os quatro grandes do Rio são obrigados a disputarem seus jogos no acanhado Estádio de São Januário, do Vasco, ou fora do Rio. Assim, o Fla X Flu, jogo tipicamente carioca, foi disputado no Pacaembu, na Terra da Garoa; Botafogo X Flamengo, em Juiz de Fora e Vasco X Flamengo, em Brasília.
Em nenhum desses jogos a bilheteria ultrapassou 20 mil ingressos vendidos, mesmo em se tratando de equipes vencedoras dos principais torneios nacionais e internacionais. O Vasco da Gama, em seu estádio, ganhou do Botafogo diante de uma plateia de pouco mais de seis mil testemunhas. No jogo anterior, no mesmo estádio, pagaram ingresso 7,9 mil torcedores.
Tanto o estádio Nilton Santos (Engenhão), como o Maracanã, estão fechados para obras em função das olimpíadas de agosto. O primeiro será sede das provas de atletismo e o segundo, além do futebol, será palco da abertura e encerramento dos jogos.
Os saudosistas poderão alegar que o Santos já disputou duas finais, aqui no Rio. Foi em 1962, contra o Benfica, de Portugal e em 1963, contra o Milan da Itália. Mas, é bom lembrar que a equipe santista era uma verdadeira seleção brasileira onde jogava nada mais nada menos que Pelé, já, então, consagrado como o melhor jogador do mundo, em atividade. Além disso, não era um simples jogo de campeonato local. Era uma final de um mundial interclubes e o Maracanã tinha gente saindo pelo ladrão, de tão cheio.
Os grandes clubes do Rio atravessam uma grande crise financeira, reflexo inclusive do aniquilamento da economia brasileira, imposta pelo Partido dos Trabalhadores. Esses mesmos grandes clubes são incapazes de virar a mesa, na federação, perdidos em picuinhas e idiotices que os condenam a definhar cada vez mais. Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco se submetem a jogar contra equipes medíocres, sem torcida, em confrontos cuja média é de mil e quinhentos torcedores, onde o prejuízo é mais do que certo.
No entanto, duvido que essa federação, também medíocre, seria capaz de promover um campeonato sem os quatro grandes. Ou seja, se eles batessem o pé e se recusassem a disputar um campeonato inchado e deficitário como o atual, duvido que a federação insistisse em mantê-lo com os Bonsucessos, Portuguesas, Tigres, Cabofrienses e outros mais.
Como as olimpíadas começam em agosto, mesmo no maior campeonato do Brasil, os clubes do Rio terão de jogar em outras praças, os jogos de maior apelo popular; haja vocação para o prejuízo.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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