Três Marias

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Diz a lenda que próximo às margens do rio São Francisco moravam três irmãs cujos nomes começavam por Maria. Um dia, ao se banharem no Velho Chico, foram surpreendidas por uma cabeça-d’água e desapareceram no fundo do rio. Foi em homenagem a elas que surgiu a cidade de Três Marias, em Minas Gerais.

Sempre que vamos a Brasília de carro penso em parar na região, para uma visita à barragem. Dessa vez, apesar das quase doze horas de estrada, pernoitamos na Pousada Ribeirão do Boi, situada às margens — quero dizer, quase — do lago de Três Marias. Esse quase se deve à falta de chuvas nas cabeceiras dos rios responsáveis por sua formação e manutenção. Com isso, sua vazão caiu e ultrapassou em 18,6% o volume de água do ano de 2002, considerado, até então, o seu pior recorde negativo. A água, no seu ponto mais fundo, está 13,8 metros abaixo da medição média; quando totalmente cheio, a profundidade do lago chega aos 60 metros. De acordo com o barqueiro que nos levou a passeio pelo lago, se a situação não melhorar, a geração de energia vai parar no fim deste mês. O dono da pousada em que estamos hospedados também nos disse que o nível do lago já está na sua reserva técnica, daí a necessidade de parar as turbinas.

Aliás, mais um golpe da elite, agora coligada com São Pedro, contra a presidente Dilma.

A pousada Ribeirão do Boi tem oito chalés construídos sobre palafitas. Quando o lago está na sua plenitude, pode-se mergulhar do peitoril de suas varandas. Tínhamos optado por ficar nesse local, não só pela novidade, mas por sabermos de antemão que dali o pôr-do-sol, nessa época, é uma verdadeira obra-prima. Mas o espetáculo desolador, dos quartos situados, no momento atual, a dez metros do chão, me assustou e acabamos instalados num apartamento comum.

A construção da hidrelétrica começou em 1957 e em 1962 ela foi inaugurada, gerando 396 megawatts por hora. Ao contrário de Itaipu, suas turbinas são do tipo que exigem um grande volume d’água para uma baixa produção de eletricidade. Ela é a maior barragem em terra e pedra do mundo, com uma extensão de 2700 metros. Sua altura é de 75 metros e a base, onde se situam suas seis turbinas geradoras de energia, tem 670 metros de comprimento.

Nesta quinta-feira prosseguiremos viagem, permanecendo na capital federal até domingo. E, como botafoguense adora sofrer, iremos assistir ao jogo do Botafogo contra o Fluminense no estádio Mané Garrincha. Aliás, torcemos também para que não seja um novo Brasil e Alemanha.


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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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