Será que ainda dá para ponderar?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Recebi email de um leitor da coluna e o assunto me pareceu importante para levantar uma discussão, cujo objetivo principal é a reinserção de Nova Friburgo, no cenário estadual, como cidade financeiramente sólida, com uma economia em ascensão e capaz de desenvolver mais ainda sua vocação cultural. Trata-se da construção do Distrito Industrial e de um Centro de Convenções, em Conquista, 3º distrito do município de Nova Friburgo.

Diz ele que a criação de pelo menos 40 novas empresas, com o consequente aumento da oferta de empregos e do PIB municipal, em função da arrecadação de impostos é uma notícia de peso. Tudo indica que o local escolhido está de acordo com essa nova realidade, pois o empreendimento será instalado a poucos quilômetros da BR-101 e daí para outros grandes centros será um pulo. A ponderar apenas a existência de um estudo bem feito com o objetivo de minimizar o impacto causado pelo aumento do fluxo de caminhões trazendo insumos e levando produtos manufaturados, numa cidade cujo trânsito já está mais do que saturado.

O que preocupa nosso leitor é a localização do Centro de Convenções no mesmo local. Segundo ele a proximidade de dois empreendimentos tão díspares é no mínimo esdrúxula, ainda mais que existe todo um planejamento prévio. E o que é mais grave, a grande distância do centro da cidade propiciaria um maior aproveitamento da rede hoteleira da vizinha cidade de Teresópolis, esvaziando nossos hotéis. Assim, um evento de porte nesse centro de convenções comprometeria em muito nosso projeto de revitalização do turismo, pois os grandes beneficiados seriam os hotéis existentes no município vizinho. Talvez, quem viesse do Rio, Petrópolis ou mesmo baixada fluminense optaria pela estrada Rio-Teresópolis; quem viesse de Juiz de Fora ou São Paulo optaria pela estrada Teresópolis-Petrópolis, deixando Nova Friburgo na saudade.

Assim, ele propõe: "O ideal seria que nosso Centro de Convenções fosse construído o mais próximo possível do centro da cidade, quem sabe no imóvel onde funcionou a Fábrica Ypu, pois ali teria espaço suficiente para tal empreendimento e muitos outros como, por exemplo, uma universidade. 

Com o Centro de Convenções erguido no local indicado, cada vez que houvesse um evento toda a nossa rede hoteleira, restaurantes, comércio de Mury, Ponte da Saudade e centro da cidade seriam beneficiados. O deslocamento dos participantes teria à disposição toda a infraestrutura do transporte coletivo, dos táxis, além da proximidade da rodoviária, na Ponte da Saudade. Além disso, uma obra com projeto e construção modernos poderia funcionar também como um cartão-postal, na entrada da cidade.” 

Carlos Rapiso ainda vai mais longe, pois atrelado à construção do centro de convenções ele pensa na reconstrução do Park Hotel, no Vale dos Pinheiros, obra de grande valor do renomado arquiteto Lúcio Costa e hoje fadado a desaparecer, em função do seu abandono. Ele poderia ser transformado num centro de formação de trabalhadores da indústria hoteleira, como cozinheiros, garçons, arrumadeiras, pessoal de apoio, como os já existentes em outras cidades brasileiras. Isso serviria para qualificar nossos empregados, que deixariam de ser simples curiosos e passariam a ser profissionais do ramo.

Aliás, era mais do que hora de uma tomada de consciência de nossos empresários do setor da alimentação, no sentido de qualificar seus empregados, pois o nível da maioria é de chorar. Terminando o email como um bom mineiro, apesar de ser friburguense, Rapiso diz: ”Se tudo tivesse como meta a inauguração no aniversário de 200 anos da cidade, aí seria bom (bão) demais. Será que ainda dá para ponderar?”.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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