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Puberdade precoce: diagnóstico e tratamento também devem começar cedo
quarta-feira, 19 de março de 2014
Na última reunião do grupo de endocrinologistas de Nova Friburgo, o tema discutido foi Puberdade Precoce e, por ser um assunto de relevada importância tanto para os pais como para os pacientes, resolvi abordá-lo na minha coluna dessa semana.
Ela pode ser definida como o aparecimento dos caracteres sexuais secundários antes dos oito anos, nas meninas, e dos nove, nos meninos. Várias são as causas dessa anomalia, mas a principal é a chamada PPC (Puberdade Precoce Central), causada pela ativação precoce do eixo hipotálamo (estrutura de grande importância situada no sistema nervoso central), hipófise (principal glândula endócrina do corpo humano) e gônadas (denominação genérica dos órgãos sexuais). Essa ativação precoce leva à produção fora de época dos esteroides sexuais (estrogênio e progesterona, nas meninas e testosterona, nos meninos); as consequências dessa secreção são o desenvolvimento antes do tempo certo dos órgãos sexuais, alterações psíquicas importantes, acompanhadas de uma aceleração do crescimento. O resultado final, quando não se descobre a tempo, são crianças com corpo de adulto, psicologicamente inadequadas para tal; são altas para a infância, mas condenadas a uma altura final mais baixa do que a esperada.
É importante que os pais acompanhem o crescimento e desenvolvimento de seus filhos, pois nessa faixa etária as crianças podem ter seus corpos observados com mais facilidade. Assim, uma menina que comece a apresentar crescimento mamário (a princípio do tamanho de um caroço de azeitona), ou pelos na região pubiana, e meninos também com presença de botão mamário ou aumento dos testículos e pelos pubianos, devem ser vistos pelo pediatra ou pelo endocrinologista o mais rápido possível.
A título de curiosidade, a puberdade precoce central é muito mais comum nas meninas do que nos meninos e os pesquisadores notaram um avanço, no seu início, ao longo dos anos. Assim, até a década de 70, o crescimento dos seios começava, mais ou menos, aos onze anos e a partir dos anos 80, recuou para nove anos. Os pais podem se basear no chamado calendário pubertário para se orientarem:
a) Meninas: Limite inferior para o início do desenvolvimento dos seios: 8 anos, variando dos 9 aos 11; pelos pubianos: 9 anos, variando dos 10 aos 14; primeira menstruação: 13 anos, variando de 10 aos 16.
b) Meninos: Início do crescimento dos testículos para mais de 4 milímetros: 12 anos, variando dos 10 aos 14; pelos pubianos: começa aos 13 anos, variação dos 11 aos 15; crescimento do pênis: 13 anos, variando dos 11 aos 15.
Os pais devem ficar atentos ao desenvolvimento corporal de seus filhos por várias razões:
1º A tendência à baixa estatura é uma constante; meninas com puberdade precoce não tratada dificilmente ultrapassam 1,50 m de altura; aquelas que iniciam o tratamento precocemente atingem a estatura prevista no contexto familiar. No caso dos meninos, ocorre a mesma perspectiva.
2º O aspecto corporal é importante, pois quando não tratado, o resultado será uma criança com corpo de adulto. Os problemas psicológicos que ocorrem dessa situação são importantes, pois o invólucro é inadequado para o conteúdo, gerando graves conflitos; e
3º As meninas se tornam alvo fácil para os pedófilos, pois são crianças com corpo de mulher, o que desperta seus instintos pervertidos.
Existem outras formas de puberdade precoce, inclusive de origem tumoral, com características diferentes, mas sempre com o aparecimento fora de época dos caracteres sexuais secundários. Daí a necessidade de acompanhamento cuidadoso, para que assim que apareçam os primeiros sinais ou sintomas, o endocrinologista seja consultado o mais rápido possível.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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