Propaganda eleitoral no Estado do Rio é desalentadora

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Assisti, envergonhado e com medo de que alguém me visse, à campanha eleitoral dos candidatos a governador desse pobre estado do Rio de Janeiro. Em ordem alfabética, os principais postulantes são Anthony Garotinho, Crivela, Lindberg e Pezão, um quarteto que não nos dá a mínima esperança de que algo de bom possa surgir após as eleições. 

O que me chama a atenção é a famosa opção que fizeram pelos pobres, como se esses fossem eternos sofredores e dignos de pena. Eles (os candidatos) são incapazes de despir a máscara da dissimulação para tentar mostrar um programa verdadeiro de governo, simplesmente porque não têm. A bem da verdade, fazer campanha para os menos favorecidos não faz sentido algum, pois na realidade o que existe é uma interdependência, já que um precisa do outro; o mundo não suportaria comunidades em que todos fossem somente ricos ou pobres. Além disso, ser pobre não é vergonha, pois pode, inclusive, ser um estágio passageiro da vida. Se qualquer um desses candidatos levasse vida de asceta (pessoa que possui um modo de vida austero e/ou dedica-se à perfeição espiritual), eu acreditaria na sinceridade de seus propósitos, mas da maneira como vivem, acostumados ao bom e ao melhor, abastados que são, cheira a deboche essa opção. Apontem-me, se eu estiver errado, um único político que não tenha multiplicado seu capital inicial antes de adotar a política como profissão. 

Garotinho, ex-governador a cobrar do atual governo descaso com a Baixada e a Zona Norte, Lindberg caminhando em comunidades carentes e criticando o descaso com a saúde, a educação e a segurança. Será que quando no comando, um do estado e outro do município de Nova Iguaçu, eles foram capazes de resolverem os problemas básicos que ora criticam? 

Crivela, como um Jesus da modernidade, propala que quando foi ministro da pesca dobrou a produção de peixes, num verdadeiro "crescei e multiplicai-vos (dos peixes)”. Pezão, atual governador, não tem muito o que falar, pois era vice e suas inaugurações antes do período eleitoral eram carona no que foi feito pelo governador que renunciava. Aliás, não sendo candidato a coisa nenhuma, não sei por que ele saiu antes do tempo. 

Agora é uma grande mentira dizer que a população da Zona Norte está abandonada, pois as obras viárias, em execução, ligando a Barra da Tijuca ao Galeão (Transcarioca), Deodoro à Barra da Tijuca (Tranasolimpica) e a Transoeste (ligação da Barra com Santa Cruz e Campo Grande) darão mais mobilidade aos moradores dessa região, com um transporte mais rápido e confortável, melhorando a sua qualidade de vida, pois poderão inclusive frequentar as praias da zona sul, gastando menos tempo dentro do transporte público, além de frequentar o comércio e os restaurantes dessa região. É provável que sejam mais caros, mas ao menos terão a opção da escolha.

Com relação à saúde e à educação, tanto faz ser um carioca da Zona Sul ou da Zona Norte; os serviços prestados pelo Poder Público são da pior qualidade. Mesmo que tenhamos profissionais capazes, as condições de trabalho e uma remuneração pífia impedem um bom desempenho. A fuga de bons profissionais de hospitais e colégios é uma realidade. O pior é que isso começa a ocorrer também nos planos de saúde e Friburgo é um exemplo, com a saída expressiva de bons profissionais dos dois principais prestadores de serviço de saúde da cidade.

Com o nível do que assisti, pela primeira e última vez, continuarei com o meu ponto de vista de que temos de dar um basta nessa história de eleger o menos ruim, principalmente num quadro desolador em que todos estão abaixo da crítica. 


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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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