Presidenta Dilma Rousseff - 18 de agosto 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Não votei na senhora e até fiz campanha contra, mas reconheço quase um ano após sua eleição que o saldo do seu governo é altamente positivo e, confesso sem medo de errar, que se a eleição fosse hoje, meu voto seria para a candidata Dilma Rousseff. Mesmo sendo ela do PT, o partido dos trambiqueiros.

Agora temos um presidente que faz do nível de instrução e de cultura um aliado importante na tomada de decisões e pauta suas ações de maneira digna, mostrando à sociedade que o combate à corrupção e a busca pela ética e pela moralidade são uma obrigação dos governantes. É lamentável que partidos que dão sustentação ao governo, em vez de aplaudir a presidenta, ameacem boicotar as votações no congresso, querendo fazer crer que o mar de lama que invadiu os ministérios do transporte, do turismo e da agricultura é apenas um detalhe.

Presidenta, continue sendo mais técnica do que política, porque político no Brasil é um ser tão renegado pela população que não vale a pena sê-lo. Nunca se esqueça que a senhora foi eleita pela sociedade e tenho certeza que ela jamais lhe deixará na mão. Os politiqueiros da base de sustentação do governo não hesitarão em virar-lhe as costas, ao sentirem que o seu trabalho de dedetização da máquina administrativa prejudica seus interesses eleitoreiros. Vão espalhar aos quatro ventos que sem apoio parlamentar, sua administração estará fadada ao insucesso. No entanto, se a senhora tiver a sociedade brasileira nas mãos, em outubro do ano que vem ela se encarregará de mostrar quem tem razão.

Quando a mídia publica matérias sobre a volta de Lula, sobre a falta que ele faz, tem se noção exata de como esse país está carcomido pela corrupção. É público e notório que o governo dele foi um dos mais corruptos da república do Brasil, uma fábrica inesgotável de escândalos, uma sangria sem fim. Creio que para muitos, a eleição da senhora seria a continuidade da gastança sem limites, do apadrinhamento descarado. Daí a reação contrária que começa a surgir ao se tomar conhecimento de que a maneira de governar mudou de maneira radical, os meios e os objetivos são outros.

Presidenta, não esmoreça, não se deixe ameaçar, não se aconselhe demais com o seu mentor, pois o contraste entre vocês é tão gritante que me custa crer que a senhora consiga extrair alguma coisa de útil nesses encontros. As reações que começam a surgir ao seu modo de governar eram mais do que esperadas, pois afinal seriedade no trato com as coisas públicas não combina com a maioria dos que ocupam cargos no governo.

Infelizmente Brasília foi um tiro no pé. Se por um lado centralizou o poder, interiorizou o país, por outro, distanciou o político do seu público e, como já dizia Austregésilo de Ataíde, o fez agir na solidão do planalto, mais no sentido próprio do que no coletivo. Colocou os interesses pessoais acima daqueles da nação.

Presidenta Dilma, meus parabéns até agora e continue a investir mais no seu lado técnico e menos no político. O país agradece.

TAGS:

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.