Por seu passado, Nova Friburgo merece mais respeito - 19 a 21 de fevereiro 2011

No rastro de alguns acontecimentos bizarros que Nova Friburgo produz ao longo de sua história, a população ainda sob o impacto da última tragédia que se abateu sobre ela, vê estarrecida surgir uma crise ridícula e desnecessária, promovida pelos colaboradores do antigo prefeito, no que se refere à volta de Heródoto Bento de Mello ao posto de primeiro mandatário da cidade.

Se recuarmos no passado recente vamos ver um ex-presidente da república, José Alencar, com uma doença grave, vários tumores malignos no intestino, lutando bravamente contra sua enfermidade, sendo admirado e motivo de exemplo para muitos, na medida em que seu calvário jamais o abateu, muito pelo contrário, lhe deu e dá forças para continuar na sua batalha pela vida e o que é mais importante, sem que nada seja omitido, pois como figura pública, sua história está ligada à história do país.

Na terra do Cão Sentado, o prefeito se ausenta da cidade, não dá a mínima para o legislativo, sofre um acidente de proporções graves que o incapacita para o exercício de seu mandato, permanece internado na Suiça por quase dois meses, retorna ao Brasil, sai do aeroporto diretamente para o hospital Samaritano e permanece no Rio de Janeiro, até hoje sem ser visto por ninguém. Nenhuma explicação convincente foi fornecida, seja por seus colaboradores, seja por sua família ou - se isso fosse possível - pelo próprio.

Com relação a atestados médicos creio que advogados devam ser inteligentes o suficiente para não caírem nas armadilhas daqueles que, na verdade só querem tumultuar. Atestado é um documento com o objetivo de informar sobre o estado de saúde do paciente: ou ele está incapacitado para desenvolver suas atividades laborativas ou, mesmo que doente, pode permanecer em atividade. Num afastamento com mais de cinco meses, só um relatório médico tem condições de dar informações objetivas sobre o real estado de saúde do enfermo. E, convenhamos, exigir de um médico um relatório não é duvidar da sua capacidade profissional nem de sua idoneidade, é simplesmente ter contato com a real situação para que se tomem as devidas providências. A ética jamais seria ferida, pois o legislativo municipal tem um vereador médico, reconhecido por sua capacidade profissional e que é membro da comissão de saúde da câmara. Ele teria condições de interpretar esse documento e passar para seus colegas de bancada a real situação de Heródoto.

Recorrer à justiça para forçar o legislativo a aceitar um simples atestado médico é um disparate, não faz o mínimo sentido, a não ser que existam outros interesses em jogo. A cidade não merece, principalmente no seu momento atual, uma situação esdrúxula como essa. Nem o prefeito Heródoto, por seu passado político, por seus serviços prestados à comunidade, merece, no final de sua carreira, passar por esse tipo de situação.

É preciso que se preservem as instituições, a figura do homem público, da autoridade, hoje tão desgastados em nosso país. Nova Friburgo precisa que todos deixem suas desavenças de lado e se unam na sua reconstrução; afinal o nosso presente e o futuro de nossos filhos dependem e muito da nossa atuação agora.