Picolé de avó - 1º a 3 de outubro 2011

sexta-feira, 06 de abril de 2012

Lembram-se de Astrogildo, aquele morador de um país distante e sério, Lisarb e que tem um amigo chamado Hermenegildo aqui no Brasil? Pois é, há muito tempo sem dar o ar de sua graça, nesse final de semana ligou para contar as novidades lisarbianas. Imaginem que no departamento (é como os estados são chamados lá) de Oir de Orienaj, num hospital público uma senhora de 60 anos, internada por causa de uma pneumonia, permaneceu 2 horas na câmara frigorífica do necrotério do referido nosocômio, dentro de um saco plástico. Quando tal sandice foi descoberta, a vóvó foi transferida para o CTI, mas os médicos garantiram à família que essa estadia na geladeira, não teria agravado o seu estado de saúde, provavelmente porque o saco plástico servira como cobertor.

Astrogildo estava muito irritado, ao telefone, pois esse fato pode parecer cômico, mas mostra o descaso com o cidadão, com a vida humana naqueles locais que deveriam ter como meta maior a preservação dessa mesma vida. Além do mais, tal notícia desabona o Lisarb, um país emergente que quer ser olhado com seriedade pela comunidade internacional.

Como Astrogildo fez questão de lembrar, não se trata de uma nova técnica de tratamento, o choque térmico a serviço da aniquilação de bactérias, ou o que é mais grave, um teste de resistência do paciente. É apenas a prova maior de que não existe profissionalismo e seriedade por parte daqueles que lidam com pessoas, pois afinal um óbito só deveria ser atestado por um médico e só ele poderia determinar a remoção de um corpo para o necrotério.

Ainda de acordo com Astrogildo, a vóvó agora está com uma baita insônia, com medo de ir de novo para o frigorífico se seu sono profundo for confundido com um novo óbito. Aliás o hospital de Anurucaras deveria ser aspergido com água benta em concentração dupla, pois um senhor de 87 anos, pai de uma funcionária, morreu 15 minutos após chegar no pátio do referido nosocômio. Por falta de maqueiro ele ficou 15 minutos dentro do veículo que o transportou de sua casa para a emergência e, dada a gravidade de seu estado, não resistiu. É muita incompetência.

Astrogildo está muito propenso a voltar para o Brasil, pois se mantém informado, via internet, com as mazelas que o brasileiro enfrenta por aqui e elas são muito parecidas com as que ocorrem no Lisarb.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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