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Os eleitores de Bolsonaro aguardam uma explicação convincente
O Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) é um órgão administrativo brasileiro que foi criado pela lei 9.613, de 3 de março de 1998, durante as reformas econômicas feitas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi através dele que tomamos conhecimento de que Flávio Bolsonaro, deputado estadual pelo Rio de Janeiro e filho do presidente Jair Bolsonaro, teve um ex-assessor, Fabrício José Carlos de Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhões, entre 2017 e 2018. Levando-se em consideração que o salário dele era de R$ 23 mil por mês (além de assessor era também policial militar), a quantia movimentada é incompatível com seus ganhos.
Bolsonaro foi eleito por uma fatia importante da sociedade brasileira que estava cansada e enojada com as patifarias oriundas de Brasília, com origem no Palácio do Planalto e extensiva ao Congresso Nacional. O mote de sua campanha foi o de mudar esse status quo, na tentativa de moralizar a atividade política brasileira, devolvendo-lhe a decência, a honestidade e a credibilidade que tal segmento deveria ter. Portanto, o mínimo que se exige dele é que cobre um pronunciamento de imediato de Flávio Bolsonaro, explicando o que de fato ocorreu. O silêncio passa a ser encarado como uma admissão de culpa e de que há algo de podre no reino da Dinamarca.
Claro está que a explicação mais plausível para esse fato é uma velha conhecida de todos aqueles que têm mandato eletivo, ou seja, do vereador ao senador, passando pelos deputados estaduais e federais. Esses indivíduos (no caso os deputados federais) ganham uma verba de gabinete, no valor de R$ 106.866,59, para a contratação de até 25 secretários. Já no Senado, é a casa que contrata diretamente o pessoal do gabinete dos senadores. Cada um tem direito à admissão de 11 profissionais, sendo seis assessores e cinco secretários parlamentares. Um assessor ganha R$ 8 mil brutos e um secretário, 85% desse valor. No caso de vereadores e deputados estaduais os valores são mais baixos.
No entanto, essa é a praxe, não comentada e de difícil rastreamento, pois os valores movimentados ou não são muito altos, ou pagos em espécie. Ou seja, os assessores sabem que uma percentagem do que vão ganhar será restituída ao contratante, geralmente cerca de 30%. Por isso, a movimentação na conta de Queiroz se dava sempre após o pagamento dos salários da Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). É uma prática fraudulenta, mas que já é bem longeva. A meu ver, Flávio Bolsonaro reluta em dar uma declaração pública, pois seria admitir um mau feito. Esquece que seu pai foi eleito com a promessa de combater essas e outras ilicitudes. Daí também estar se contradizendo, pois a correção de desvios tem de começar na própria carne. Além do mais, é munição valiosa para a oposição. Tenho certeza de que nenhum político vai atirar a primeira pedra, pois todos têm culpa no cartório. Mas, a sociedade exige uma explicação.
Desejar um Feliz Natal e um 2019 com muita saúde e paz para meus leitores, meus colegas de A VOZ DA SERRA e meus amigos que me acompanham por tanto tempo (ou seriam que me aturam?). Que o ano que se finda leve as tristezas e as mazelas pelas quais passamos e o novo ano seja repleto de realizações, da concretização dos sonhos e das aspirações de todos nós. Um até breve, pois retorno depois das festividades de fim de ano.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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