O provável fim de um mito e de um partido

sexta-feira, 11 de março de 2016

Que Luís Inácio, Dilma, Palocci, José Dirceu estão envolvidos até a alma nos escândalos do mensalão e do petrolão, não tenho a menor dúvida. Mas a explicação para muitos que não acreditam nem aceitam esse fato encontrei no artigo de um cineasta, que na realidade corroborou o que eu tinha abordado em minha coluna anterior, quando disse que sou da opinião de que hoje no Brasil existem três tipos de pessoas: os que são contrários a todos os absurdos implantados pelo PT, PMDB e partidos da base, aqueles que se locupletam direta ou indiretamente da situação e não querem mudar, e os fanáticos de carteirinha, que acreditam mesmo ser Luís Inácio um estadista e não um espertalhão de primeira grandeza.

Segundo José Padilha, qual o motivo para tanta relutância por parte da esquerda em encarar a realidade que lhes foi exposta ao longo dos últimos anos? E ele responde: no caso da militância profissional (UNE, CUT e MST) se aplica a máxima de Upton Sanclair, famoso escritor americano, ao afirmar que é difícil fazer com que alguém entenda algo quando o seu salário depende do não entendimento desse algo. E no caso dos artistas que não recebem salários por sua militância? Aqui, não se trata de grana, mas de uma questão psicanalítica. Investiram suas vidas em posições pró-Lula e pró-PT. Agora, não suportam reconhecer o erro que cometeram por uma questão de autoimagem.   

Aliás isso se enquadra no posicionamento do compositor e escritor Chico Buarque, que durante toda vida defendeu o regime de esquerda e pertence à esquerda festiva brasileira. Como justificar agora todo esse mar de lama que envolve o partido do seu coração? Esquece que a grandeza do ser humano está em reconhecer erros e mudar pensamentos e condutas.

Se pensarmos bem, conseguimos ultrapassar o fundo do poço, se isso é possível. Luís Inácio é o chefe de uma quadrilha que se instalou no país com o único intuito de se perpetuar no poder. No entanto, nossa presidente, gastando o meu, o seu, o nosso dinheiro, sai de Brasília, para ir a São Bernardo do Campo prestar solidariedade a esse mau cidadão. No entanto, essa mesma presidente foi incapaz de ir ao local do maior desastre ecológico do Brasil, em Mariana, e nem sequer prestou solidariedade às famílias afetadas, principalmente, aquelas que tiveram mortos no rompimento da barragem.

Luís Inácio é matreiro e sabe tirar proveito, com maestria da situação, mesmo que essa lhe seja desfavorável, tanto é assim que ao chegar do depoimento na Polícia Federal, foi direto para a sede do PT, em São Paulo, para um discurso inflamado. No meio desse palavrório, a lágrima que faltava para atrair a compaixão daqueles que acham que sua condução coercitiva foi uma medida desproporcional. Para mim a grande jogada desse ato foi mostrar que perante a lei, todos os brasileiros são iguais, mesmo que seja um ex-presidente; ainda mais que dias atrás o próprio Luís Inácio declarara que se negaria a depor, se fosse convocado. Seu problema maior é que antes ele prestou depoimento como testemunha e, agora, como implicado, apesar de ainda não condenado, como bem frisou o juiz Sérgio Moro.

Agora só mesmo os tolos ou os pobres de espírito podem crer que apesar de ocupar uma sala próxima à de José Dirceu, na época chefe da Casa Civil, Luís Inácio não sabia das tramoias do mensalão; o mesmo podemos dizer da presidente Dilma, que como ministra das Minas e Energia, chefe dessa mesma Casa Civil e presidente do conselho diretor da Petrobras, ignorasse a pilhagem daquela que foi a maior empresa brasileira. Para lembrar aos que tem memória curta, quando da crise econômica que o Brasil enfrentou, durante o governo militar, a Petrobras era a única empresa brasileira com credibilidade lá fora, capaz de captar recursos financeiros. Hoje, está desmoralizada.

Luís Inácio apregoa que foi o melhor presidente do Brasil, aquele que mais fez pela população necessitada do país. Esquece, no entanto, que recebeu do antecessor uma economia enxuta que lhe permitiu criar as várias bolsas que temos no presente. Quero ver o que faria com uma inflação de 10%, uma taxa de desemprego de 10% e um deficit fiscal de 10%, além de um parque industrial sucateado e ineficiente.

O PT como partido acabou, a presidente Dilma não tem mais nenhuma condição de governar; seria bem mais elegante que renunciasse e fosse cuidar do neto.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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