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O pepino assassino - 8 de junho 2011
Há mais ou menos duas semanas que os países da Europa, principalmente a Alemanha, se deparam com uma epidemia cujo agente causador é a Escherichia coli enterohemorragica. Cerca de 2500 pessoas foram contaminadas e, até ontem, 22 pessoas, a grande maioria de alemães, tinham morrido em decorrência da infecção. A contaminação permanece um mistério, apesar das buscas incessantes, com o objetivo de debelar o número de casos que continua a aumentar.
A princípio, o pepino espanhol foi o grande culpado pelo “pepino” atual que está incomodando os europeus. Isso se deveu ao fato da grande utilização de adubo animal pelos agricultores da região, em especial o esterco de vaca. Esse pressuposto, não comprovado, levou as autoridades alemãs a desaconselhar o consumo de produtos agrícolas espanhóis, o que foi seguido por outros países da comunidade europeia. O prejuízo foi muito grande, pois a Espanha é considerada o celeiro de frutas e legumes consumidos em larga escala, pelos outros membros da comunidade europeia. Afastada essa hipótese, pois na verdade a causa da contaminação não foi ainda encontrada, o governo espanhol processou os alemães, exigindo uma indenização de 80 milhões de euros.
No momento, as suspeitas mais fortes recaem sobre os germes de soja e, de novo sem um resultado concreto das pesquisas em andamento, o que só será conhecido ao longo dessa semana, o ministro da agricultura da Baixa-Saxônia, Ger Linderman, recomendou aos consumidores de não utilizarem produtos à base de soja, segundo o jornal Le Monde.
O que se sabe até agora é que o responsável pela epidemia é uma cepa rara da Escherichia coli enterohemorragica, e apesar do relato de uma coreana contaminada pela bactéria em 2005, de 50 americanos em 1982 e de 500 escoceses em 1996, a OMS (Organização Mundial da Saúde) informa que essa cepa por ser muito rara e jamais causou uma epidemia, anteriormente.
Os sintomas da doença aparecem cinco a dez dias após a contaminação e são típicos de uma gastrenterite aguda, com cólicas abdominais fortes, vômitos, uma intensa diarreia, às vezes sanguinolenta. De maneira geral, eles desaparecem com o tratamento habitual em não mais de sete dias; no entanto, alguns casos podem evoluir com sintomas renais importantes, inclusive com insuficiência renal aguda seguida de aumento da ureia, o que pode exigir uma hemodiálise, sob risco de afetar o sistema nervoso central.
A lição que fica é que mesmo numa região em que o sistema de tratamento de esgoto é muito bom e eficaz, as medidas mais simples e rotineiras de higiene devem ser seguidas. Assim, as frutas e legumes têm de ser lavados em água corrente antes de serem consumidos e, muitas vezes, o ideal é que alguns sejam cozidos; as mãos devem ser lavadas com água e sabão, antes de qualquer alimentação. Isso vale, principalmente para as crianças, não só por serem mais sensíveis, mas também para a consolidação de hábitos recomendados na prevenção das doenças.

Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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