O governo não dá ponto sem nó, todo cuidado é pouco

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Recebi um e-mail de um amigo e ele me fez refletir sobre algo que não dera importância. Trata-se da emissão de nota fiscal eletrônica quando entramos num estabelecimento comercial e realizamos um gasto. Nesse momento somos obrigados a fornecer o nosso CPF e, na realidade, passamos a ser monitorados pela receita federal. O governo tem uma ferramenta a mais para verificar nossa renda, pois quem compra tem dinheiro e se nossos gastos forem superiores ao declarado, o ‘Leão’ nos dá uma mordida a mais. É preciso ter sempre em mente que o ‘Partido dos Trambiqueiros’ está cada vez mais ávido pelo vil metal e sem ter coragem de fiscalizar quem deve ser fiscalizado, se volta para a classe média.

Trabalhamos quatro meses para pagar os nossos impostos e, em contra partida, nossas estradas federais e estaduais são um horror, o transporte público uma vergonha e a educação e a saúde, quesitos básicos para o desenvolvimento de qualquer sociedade dita desenvolvida, são uma calamidade. Aliás, elas só são lembradas e bajuladas nas campanhas eleitorais, verdadeiras fábricas de ilusão. Por falar em educação, a política de quotas é típica de um presidente desqualificado e ignorante. Não é nivelando por baixo que vamos melhorar o nível dos nossos alunos, muito pelo contrário. Se os professores da rede pública tivessem um salário decente e condições de se aprimorarem, os alunos das escolas estaduais e municipais estariam no mesmo nível dos da rede particular.

A extinção da CPMF, uma verdadeira galinha dos ovos de ouro e cuja sigla deveria ser CDMF (contribuição definitiva sobre movimentação financeira), pois de provisória ela não tinha nada, abriu um rombo nas contas do governo ainda mais quando a sangria no orçamento oriunda de contratações de apadrinhados e dos escandalos nossos de cada dia só fizeram aumentar nossa dívida interna. Sob o disfarce de fiscalizar melhor o comércio e as indústrias, na realidade querem é aumentar o controle sobre a nossa vida; um verdadeiro 1984 tupiniquim.

Infelizmente, no Brasil, imposto não é para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e sim para que o governo tenha condições de gastar mais com a máquina administrativa. Somos um país em que as desigualdades são marcantes; é um absurdo que um político para ser eleito minta para o eleitor, troque votos por favores, faça promessas tendo consciência de que jamais as cumprirá e ainda por cima tenha o salário que tem. Um médico, um professor, um engenheiro, um advogado gastam de quatro a seis anos de suas vidas numa faculdade, além de pelo menos mais dois para se especializarem e no final do mês os seus proventos são a décima parte do que recebem esses caras de pau que se intitulam representantes do povo. Será que precisamos mesmo desse tipo de representação?

Devemos exigir uma nota fiscal sim, por que ela é uma comprovação da compra que fizemos e nos garante restituição ou troca de mercadorias com defeito. Fornecer CPF não faz o menor sentido a não ser a de aumentar a fiscalização sobre nós. Quanto menos visíveis formos, menores serão os nossos problemas. Além disso, se a nota fiscal eletrônica é para aprimorar o sistema, para que o nosso CPF?

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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