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O Frizão voltou - 27 de julho 2011
Termina hoje, 27, o campeonato da segunda divisão de futebol do estado do Rio de Janeiro, trazendo de volta à elite o Friburguense Atlético Clube. O tricolor da serra pode se sagrar campeão, o que vai depender dos resultados da última rodada — mas o que importa mesmo é o retorno do Frizão ao convívio entre os grandes times do estado!
Segundo o jornalista José Duarte, o futebol foi o segmento da cidade que conseguiu suplantar mais rápido esses seis meses pós-catástrofe e, digo eu, com brilhantismo e dignidade, muito esforço e trabalho. Não houve superfaturamentos, desvios de verbas, nem aproveitamento da desgraça dos outros para faturar votos em futuras eleições.
Com seu campo transformado em centro de apoio às ações de salvamento e ajuda aos desabrigados de todos os cantos do município, o Friburguense foi obrigado a encontrar outro local para treinar, o que mudou a rotina de todos, às vésperas do início de um campeonato longo, desgastante e difícil. No entanto, poucos se lembram da promessa feita por aquele grupo de jogadores, muitos com familiares sofrendo as consequências das chuvas, de que a volta à elite do futebol do Rio era questão de honra para o grupo, um presente para uma população triste e abalada. A resposta foi dada no campo, com uma campanha digna da tradição do clube, invicto até agora após vinte e uma rodadas.
No entanto, algo deveria ser feito para que, de simples participante, o Friburguense tivesse condições de brigar por uma colocação que lhe garantisse a participação na Taça Brasil e na série C do brasileirão. Cabeças pensantes deveriam entender que o futebol funciona como cartão de visitas de uma cidade e pode se transformar num divulgador não só de suas belezas naturais, mas também de sua indústria. Não podemos esquecer que o turismo contribui com uma parcela importante do produto interno bruto de muitos países — e que tem de ser encarado como uma indústria. Bem-explorado e administrado, aumenta a arrecadação do município e contribui para uma melhora da qualidade de vida da população.
Além disso, num campeonato nacional, a delegação do clube poderia incluir um representante das indústrias locais, que seria responsável pela divulgação do que aqui é produzido. Isso é importante, pois o alcance da roupa íntima fabricada por nossas confecções ultrapassa as fronteiras de nosso estado. Quando participo de congressos, seja da endocrinologia seja do diabetes, de norte a sul do país, com frequência minha mulher escuta comentários positivos sobre a qualidade da “lingerie” de Nova Friburgo; ou a afirmativa de muitos de que já estiveram aqui, não só para conhecer a cidade, mas para renovar o estoque das chamadas roupas de baixo.
Como torcedor e friburguense por adoção, parabenizo esse grupo de jogadores que tão bem defenderam as cores do clube, deram a volta por cima e mostraram que determinação, sacrifício e honestidade é uma trindade infalível para suplantar as adversidades e ter sucesso na vida. Que o exemplo de vocês seja um espelho para muitos que aqui vivem.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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