Colunas
O fenômeno Loco Abreu
Apesar de evitar falar sobre futebol em minha coluna, abro parênteses, hoje, para abordar a vitória do Botafogo no sábado, numa das semifinais da Taça Rio. Não vou me ater ao jogo em si mesmo, mas a um personagem do qual sou fã de carteirinha e que é ídolo de uma torcida. Trata se do uruguaio “El Loco Abreu”.
Sua identificação com o clube é muito grande, tanto que pela primeira vez em sua longa carreira ele completa mais de cem jogos com a mesma camisa. As crianças o adoram, basta ver a entrada do time em campo, quando ele mais se parece com uma árvore de Natal, tantas são as mãozinhas que se agarram as suas mãos e braços. Confesso que às vezes tenho uma ponta de inveja dessas crianças.
Incomoda-me muito quando uma parte da torcida alvinegra o renega, chamando-o de grosso ou desajeitado, mas se esquece de que toda equipe necessita de um referencial e, por que não, de um ídolo. Poucos são os jogadores que ao serem substituídos têm seus nomes gritados em coro, mesmo após terem desperdiçado a cobrança de um pênalti que definiria o jogo. Alem de aplaudirem, os botafoguenses chamaram seu técnico de “burro”, por causa de sua saída.
O carisma de Abreu é muito grande e tive a comprovação disso quando em Santiago do Chile, ano passado, para o congresso da Associação Latino Americana de Diabetes conheci uma endocrinologista uruguaia. Ela era torcedora do Nacional de Montevidéu e quando soube que eu era botafoguense, a primeira pergunta que me fez foi sobre a trajetória de “Loco” no Botafogo, me dizendo ser sua fã desde quando ele jogou pelo clube uruguaio.
Quando Mauricio Assunção, atual presidente do Botafogo, esteve em nossa cidade convidado pela OAB, regional Friburgo, para uma palestra, ele enfatizou a importância de “El Loco” na divulgação da marca “Botafogo”, inclusive com grande penetração no Uruguai. Mauricio citou um fato curioso: a equipe juvenil de polo aquático foi disputar um jogo na capital uruguaia e os atletas usavam uma camisa confeccionada aqui, para homenageá-lo. Essas camisas foram disputadas pelos torcedores locais e muitos perguntavam aos membros da delegação como e onde poderiam comprá-las.
Um grande clube se faz com a força de sua torcida, é o seu constante crescimento que o mantém no topo. Aqui entra a importância de um ídolo, pois é a sua presença que cativa e atrai a garotada, torcedores do futuro; dai a importância de “Loco Abreu” entre os titulares do atual time da estrela solitária.
A presença de um jogador diferenciado é importante para qualquer clube, que o diga o Santos de Neymar, o Barcelona de Messi, o Fluminense de Conca quando ele ali jogava. Quantos torcedores esses times ganharam com a presença desses fora de série entre seus titulares? Não comparo valores individuais, apenas a importância deles dentro de um contexto. Pena que o Ronaldinho de hoje seja uma decepção tanto como jogador como um fora de série que já foi.
Alias que fim de semana perfeito: o Botafogo ganhou, o Corinthians e o Flamengo deram adeus aos títulos estaduais.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário