Nova Friburgo tem mais um prefeito afastado - 12 a 14 de novembro 2011

sexta-feira, 06 de abril de 2012

Quando Fernando Collor de Mello foi afastado da presidência da república, as acusações que pesavam sobre ele eram relativas à compra, sem comprovação, de uma perua Elba, fabricada pela Fiat do Brasil, hoje fora da linha de montagem. Depois disso, outros presidentes passaram pelo planalto, as suspeitas de desvios financeiros que dariam para comprar muitas Elbas jamais passaram de vã suposição. A vida continuou com os escândalos nossos de cada dia, punições que nunca saíram do papel e se punidos houve, o foram para melhor até que veio a catástrofe de onze de janeiro, com uma devastação sem precedentes na história de Nova Friburgo.

Decretado o estado de calamidade pública onde verbas são liberadas e os gastos realizados sem necessidade de licitação, a cidade recebeu recursos financeiros para tentar minimizar os graves problemas causados pelos desabamentos. Infelizmente, por motivos que não vêm ao caso, houve por parte do ministério Público Federal suspeitas de malversação desses recursos e o prefeito de Nova Friburgo foi afastado, no último dia 7, pelos próximos trinta dias, em função de possível improbidade administrativa. De acordo com o site “globo.com” o prejuízo causado ao patrimônio público seria da ordem de R$ 318 mil. Em Teresópolis, outra cidade serrana que sofreu as consequências do temporal, o alcaide teve seu mandato cassado pelo mesmo motivo.

Será que isso é verdade? Será que as pessoas se arriscam por tão pouco? No entanto, a atuação do MPF é uma realidade na tentativa de sanear os desvios decorrentes do mau uso dos financiamentos governamentais, sejam eles federais ou estaduais. A população precisa da apuração dos fatos, pois ela é sempre a mais prejudicada. As obras realizadas até agora são insuficientes para proteger os friburguenses das tempestades típicas do verão e muitos pontos atingidos em janeiro correm o risco de novos desabamentos, pondo em risco a vida das pessoas.

Triste Nova Friburgo, outrora conhecida como Suíça brasileira, com um passado rico em arte e cultura, progresso e desenvolvimento, hoje despojada de suas riquezas, com sua natureza a sangrar de feridas profundas e que, na dependência das próximas chuvas, poderão virar chagas crônicas e eternas. Seu povo não merece isso, mesmo que a escolha de seus representantes não tenha sido perfeita, pois em teoria, um erro não se perpetua e o mau passo de hoje pode ser a marcha correta do amanhã. O importante é não persistir no erro, é melhor anular o voto do que ter de optar pelo menos ruim.

Triste sina a da nossa cidade com um prefeito afastado por doença, um por suposta malversação de verbas e um interino que assume, Deus sabe lá por quanto tempo. Em pouco mais de três anos já estamos no terceiro ocupante da prefeitura e o pior de tudo é que a cada novo governo, mudam-se os secretários, a maneira de pensar e de gerenciar as ações necessárias para devolver ao friburguense a confiança que ele perdeu. Qualquer trovoada, uma chuva mais forte é suficiente para deixar a população apreensiva e preocupada.

Amém.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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