Nova Friburgo mobilizada para socorrer a cidade e suas vítimas - 29 a 31 de janeiro 2011

domingo, 31 de julho de 2011

O estádio do Friburguense virou base de operações para os helicópteros que auxiliavam no socorro às vítimas da tragédia que se abateu sobre o nosso município. O ginásio Helena Decache, do mesmo clube, transformou-se num centro de recepção e distribuição de roupas, água mineral, material de higiene pessoal e de limpeza, sapatos, colchonetes e roupa de cama. Era muito grande o número de voluntários ali presentes para ajudar no que fosse necessário, além de viaturas de todos os portes, particulares ou de firmas para trazer as doações, assim como distribuí-las. Isso sem falar no trabalho incansável das polícias civil e militar, do corpo de bombeiros, da marinha e do exército, no trabalho de coordenação, proteção e entrega do material aos necessitados.

Estivemos naquele ginásio no domingo 16, para ajudar no que fosse preciso e nos encontramos com a Assessora de Comunicação da Águas de Nova Friburgo, Gabriela Azeredo, a esperar o helicóptero que levaria o pessoal da empresa até o Sanatório Naval. Dali, bombas de recalque de 500 quilos cada uma, seriam levadas pela marinha, por via aérea, até a barragem de Rio Grande de Cima, para restabelecer a distribuição de água da cidade. Até o momento ela era de apenas 65% e mesmo assim, uma boa parte, através de caminhões pipa, pois a casa de máquinas da adutora daquela localidade, responsável por 50% do abastecimento de Nova Friburgo, ficou submersa inutilizando as bombas lá existentes. Como o transporte por terra estava precário, somente os helicópteros da marinha teriam condições de transportar esse material, de modo seguro e rápido, para que a adutora pudesse voltar a funcionar em toda a sua capacidade.

Friburgo passou pela maior crise de sua história, um drama que extrapolou as fronteiras nacionais e foi notícia no mundo inteiro. Recebemos vários telefonemas da Alemanha, da Suiça e da Nova Zelândia, de pessoas preocupadas com a nossa segurança e querendo informações sobre a situação da cidade. É preciso que repensemos uma série de situações, principalmente, a atuação de nossas autoridades, no que diz respeito à ocupação do solo. Chega a ser criminoso o descaso como são autorisadas as construções a beira dos rios e, sobretudo, das encostas. O que se viu no Jardim Ouro Preto, no morro do Rui, em Conselheiro Paulino, no Jardim Califórnia e outras localidades é fruto dessa omissão e, o que é pior, de um passado recente, pois do passado longínquo nem é bom falar. O Brasil é um país pobre, não financeiramente, mas em autoridades competentes, que saibam tomar decisões quando for preciso

É digno e notório que em véspera de eleições não se removem comunidades no morro nem nas margens de rios e córregos, pois isso tira voto; terminado o ano eleitoral também nada se faz já pensando nas próximas votações. O final dessa história é sempre trágico e do conhecimento de todos nós.

O momento é de tristeza e de consternação, mas é sempre bom lembrar momentos pitorescos vividos pela população, mesmo que ele seja fruto do desepero e da angústia que tomou conta de todos. Pois não é que muitos acreditaram que água, em Nova Friburgo, é capaz de subir morro acima? Só assim pode-se explicar o tumulto que tomou conta da cidade após o boato de que uma represa se rompera no Alto de Olaria e inundaria o Cônego, seguido de outro de que uma represa, também, se rompera em Conselheiro Paulino e alagaria o centro da cidade. Deve ter sido divertido ver um grande número de pessoas no alto do São Roque se protegendo e a espera da catástrofe e depois dizem que há coisas que só acontecem ao Botafogo. O problema é que o pânico é capaz de transtornar as pessoas e suprimir sua capacidade de raciocínio.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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