No verão, todo cuidado é pouco

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Esse seja, talvez, um dos verões mais quentes de que se tem notícia, com temperaturas, na cidade do Rio de Janeiro, beirando e ultrapassando os quarenta graus centígrados. Nova Friburgo não fica atrás, pois temos notado noites mais encaloradas, deixando para trás o clima ameno que desfrutávamos antigamente. Nessa época do ano era comum o uso de um lençol, ou mesmo uma colcha de chenille, para espantar o friozinho da madrugada, em torno dos quatorze graus.

Partindo-se do princípio de que o corpo humano possui, em média, 65% de água nos homens adultos e 60% nas mulheres adultas e que a porcentagem de água em bebês é muito maior, quase 80% caindo para 65% a partir de um ano de idade, a manutenção desses níveis é importantíssima. No verão, então, todo cuidado é pouco, pois com as altas temperaturas a evaporação é grande, além de uma perda muito maior através do suor, maneira que o corpo humano tem de diminuir a temperatura corporal.

Assim, é importante uma boa hidratação, conseguida através da ingestão de líquidos, principalmente de água, para que a composição corporal não seja modificada e não sobrevenha a desidratação. Ela é muito comum nos idosos, pois existe certo embotamento dos sentidos à medida que o ser humano envelhece, com a consequente diminuição da sensação de sede nessa faixa etária. No caso das crianças, por terem uma maior porcentagem de líquido corporal, a perda é maior além não terem tempo de beber líquidos, tamanha é a vontade de brincar. Portanto, cuidadores de idosos e de crianças devem forçar a hidratação dessas faixas etárias, para que não sobrevenham surpresas desagradáveis. Aliás, na Europa aonde existe uma parcela importante da população com mais de setenta anos, e vivendo sozinha, a letalidade nessa faixa etária, no verão, é alta.

Nessa época de calor extremo não podemos nos esquecer de dois outros fatores que podem ameaçar a vida das pessoas. Uma delas é a insolação, uma condição séria causada pelo excesso de exposição ao sol e ao calor intenso. Ela acontece quando a temperatura corporal ultrapassa os 40ºC, fazendo com que o mecanismo de transpiração falhe e o corpo não consiga se resfriar. A outra é a intermação, uma situação semelhante à insolação, mas mais grave podendo levar à morte. Ela é causada pelo aumento da temperatura corporal e pelo mau resfriamento do corpo, por incapacidade de fazê-lo adequadamente. Situações que podem ocasionar tais transtornos são: excesso de atividade física em ambiente quente e úmido e a exposição solar prolongada utilizando roupas inadequadas, o que pode ocorrer em militares de serviço ao sol, mineiros e operários, por exemplo.

Em ambos os casos, as pessoas têm de ser removidas para um ambiente refrigerado, visando o resfriamento corporal, além do uso de líquidos para manter a hidratação em níveis adequados. Se for constatado um quadro mais grave, é imperativa a internação o mais rápido possível.

Outra consequência da exposição fora do comum aos raios solares é a queimadura da pele, de primeiro grau quando existe apenas a vermelhidão; de segundo grau, com o aparecimento de bolhas e, mais raramente, a de terceiro grau, condição na qual ocorre a destruição da epiderme (camada mais superficial) e da derme (camada mais profunda). Esse último tipo de queimadura requer internação para o tratamento adequado. As de primeiro e segundo graus, na grande maioria dos casos, podem ser tratadas em casa.

A melhor maneira de evitá-las é o uso correto de protetores solares de boa qualidade, além da exposição aos raios solares em horários seguros, quer dizer, até às onze horas da manhã e após as cinco da tarde. Esses horários deveriam ser seguidos sempre, pois são uma boa prevenção para o câncer de pele, respondendo por 33% dos diagnósticos dessa doença no Brasil. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), 180 mil casos novos são diagnosticados todos os anos, entre nós.

Portanto, o verão é uma grande estação, talvez a mais esperada do ano, mas requer cuidados, para não causar transtornos que, na realidade, são fáceis de serem evitados.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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