Na França como no Brasil políticos são farinha do mesmo saco

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Chegamos na França em plena reta final das eleições presidenciais de 23 de abril em primeiro turno e 7 de maio em segundo turno, caso nenhum candidato atinja a maioria absoluta, incluindo os votos nulos e em branco. Mas, pelo nível dos debates e pela disposição do eleitorado, poderia ter terceiro, quarto e muitos turnos mais. Aqui o voto não é obrigatório e não existem sanções, como no Brasil, para quem não comparece às urnas.

Durante nossa viagem de navio conversei com um francês que mostrou toda sua descrença com os atuais candidatos. Como no Brasil existe aqui uma falta de sintonia entre eleitores e eleitos, e se a corrupção na França não chega aos níveis brasileiros, ela está presente e os políticos são tão caras de pau como os nossos.

Uma coisa que me chamou a atenção é que um país com cerca de 70 milhões de habitantes e área de 643.801 km² tenha uma Assembleia Nacional (deputados federais) com 577 membros eleitos para um mandato de cinco anos e um Senado com 348 membros, também eleitos pelo mesmo tempo. E nós que reclamamos da quantidade de deputados federais e senadores que temos, respectivamente 513 e 81, para uma população de 200 milhões de pessoas distribuídas em 8.514.876 km². A relação de patifes por metro quadrado deles é maior do que a nossa, e a atual campanha eleitoral mostrou candidatos com problemas de malversação de verbas e ações na Justiça, como no Brasil.

Em termos de posicionamento da população francesa em relação a seus políticos, nada fica a dever ao que pensamos de nossos representantes, pelo menos entre aqueles que não são completamente alienados da vida política nacional.

Eu tenho uma opinião gerada ao longo da minha vida, que é a falência da Democracia como forma de governo. Se na teoria ela se mostrou perfeita quando do seu aparecimento no século V a.C, originando-se da junção das palavras gregas “demos” (povo) e “kratos” (poder), na prática, ao longo dos séculos, ela se desmoralizou. O poder econômico e sua sede de riqueza corromperam a todos, eleitores e candidatos eleitos, e hoje poucos são os países em que a Democracia é digna de respeito.

Li, há alguns anos, uma comparação entre os regimes monárquicos e os democráticos; e a conclusão a que se chegou era a de que os presidentes das repúblicas de hoje têm mais poder que os monarcas de outrora, embora isso não signifique que o desempenho deles seja mais satisfatório. Além disso, nossos senadores e deputados federais e estaduais, a maioria políticos profissionais, atingem um patamar de riqueza que seus congêneres monárquicos jamais sonharam.

Por isso acho que nossos filósofos e pensadores atuais têm a obrigação de liderarem um movimento em escala mundial, com o objetivo de revigorar a Democracia, ou de proporem uma nova forma de governo, aliás comunismo, socialismo, etc, também estão em baixa. A realidade mostra que o poder não emana do povo coisíssima nenhuma, pois não existe nenhuma forma de fiscalizar aqueles que foram eleitos. Deputados e senadores, após serem diplomados, esquecem os discursos de campanha, dão as costas para seus eleitores e vão cuidar de suas respectivas carreiras políticas. Tudo isso com o conhecimento de que só perdem o mandato se forem com muita sede ao pote.

Quem sabe a França que mudou o mundo com a sua revolução em 1789 e, posteriormente, com a chegada ao poder de Napoleão Bonaparte, em 1804, que influenciou a legislação de vários países com o famoso Código Napoleônico, não descobre uma nova maneira de governo mais eficiente?

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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