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Memorial às vítimas de Friburgo, uma ideia genial - 10 de fevereiro 2011
A ideia de se construir, em nossa cidade, um memorial em homenagem às vítimas das chuvas da madrugada do dia 12 de janeiro, a maior catástrofe natural em terras brasileiras, foi de uma sensibilidade e clarividência típica de quem esteve no epicentro dos acontecimentos ou sofreu na própria carne os efeitos da tragédia. Sem medo de errar, podemos afirmar que poucas são as famílias de Nova Friburgo que amanheceram a quarta-feira, 12, sem contar nenhuma vítima entre os seus.
Li aqui no jornal, edição de 4 de fevereiro, a sugestão da Associação de Artistas de Nova Friburgo (AANF) para a escolha do Suspiro, um dos locais mais atingidos, inclusive com a quase destruição da Capela de Santo Antônio, um dos cartões de visita da cidade. Como ainda estamos na fase de estudos, fica a sugestão da Rua Cristina Ziede, onde desabou um bloco de apartamentos, com vítimas fatais e com um estrago considerável na Rua Augusto Spinelli.
Ali, onde jamais se imaginou um deslizamento de terra de tal magnitude, com a imagem de terra devastada e da sensação de aridez que se formou, o que podemos observar dos fundos dos edifícios do entorno mereceria uma praça, com vegetação nativa da Serra do Mar, e um monumento simples, mas com carisma suficiente para lembrar a impotência do homem frente às forças da natureza. Além disso, impediria naquele local a construção de novos imóveis, com os riscos que tal empreendimento acarretaria.
Seria uma maneira justa de homenagear aqueles que perderam suas preciosas vidas por causa de um acidente natural, mas agravado pela falta de sensibilidade daqueles que são eleitos representantes do povo e que fecham os olhos para as evidências do perigo da autorização para determinadas construções.
Fica aqui um alerta para as nossas autoridades municipais, de um morador de 34 anos de Cônego e que tem certeza de que o bairro será a bola da vez se, infelizmente, outra tragédia se abater sobre nossa cidade, tamanho é o ritmo de construções autorizadas pela Prefeitura, não importa o local. A cada dia que passa a outrora tão bonita paisagem do bairro, com suas montanhas imponentes, assiste o cimento tomar conta do verde, fazendo a festa de alguns e, com certeza, a desgraça de outros num futuro não tão longínquo assim.
O crescimento de uma cidade deveria ser algo pensado, a cargo de profissionais com formação em ocupação planejada do solo e formação em paisagismo, para que a segurança dos futuros moradores esteja sempre em primeiro lugar. O preenchimento desordenado dos espaços tem que ser desestimulado e, talvez, punido.

Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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