Mais uma greve, dessa vez a dos correios

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Na última quinta feira teve início mais uma greve, a dos correios; aliás, tem categorias que deviam pensar muito antes de cruzarem os braços. Face ao desserviço que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) presta, no nosso dia a dia, essa greve vai afetar muito pouco a população, pois a ausência dos carteiros em nossas casas vai passar despercebida.
Na era da internet, com a praticidade dos e-mails e dos sites de relacionamentos como o MSN, o Facebook e outros a entrega de correspondência sob a forma de papel deixou de ser prioritária, pois a internet é muito mais rápida e segura.
As agências que cerraram as portas são da própria EBCT, uma vez que as franqueadas continuam abrindo normalmente. A partir do momento que elas conseguirem montar um esquema eficiente para entregar as encomendas mais volumosas e pesadas e disponibilizarem para a população um serviço idêntico ao do SEDEX, o correio estatal passara a ser um serviço dispensável, inclusive seus funcionários, que terão de procurar outra repartição para se manterem em atividade.
Quando determinadas categorias cruzam os braços em sinal de protesto, seja pelos baixos salários seja pela luta em prol de melhores condições de trabalho, deveriam ter em mente o risco que correm. Trabalhadores pertencentes a segmentos cuja mão de obra é qualificada são de substituição mais complicada, pois além da formação, muitas vezes através de cursos de longa duração, bancados pela própria instituição a que pertencem, contam com um predicado importante que é a experiência. No entanto, quando se trata de funcionários não qualificados, eles se tornam totalmente descartáveis, pois o mercado de trabalho dispõe ainda de um grande número deles prontos para serem aproveitados.
Uma pergunta que atualmente tem razão de ser é a seguinte: será que essas paralisações são orquestradas na tentativa de desestabilizar o governo da presidente Dilma? Filiada ao PT ela não se alinha com a ala xiita do partido, nem se sente obrigada a colocar um cabresto para governar. Ao contrário de seu antecessor ela tem opiniões próprias, tem capacidade administrativa, tem cultura e, o que é mais importante, tem popularidade o que lhe dá a certeza de não ser um mero fantoche nas mãos das eminências pardas do PT. Talvez por isso ela tenha sérias restrições no seio do seu próprio partido e desagrade à cúpula responsável pelas ações do PT, podendo ser vítima do famoso fogo amigo.
Mesmo que não haja essa tentativa de desestabilização de seu governo, é bom a presidente Dilma botar suas barbas de molho, pois as forças ocultas permanecem vivas no quotidiano do Brasil.
Haja visto estar o mensalão a levantar suspeitas de que Lula, se não foi o mentor do mensalão, tinha pleno conhecimento das falcatruas tramadas por seus colaboradores mais próximos. Se fosse um cidadão sério, imbuído do papel que quer representar perante a história, por ser fundador de um partido que fazia crer estar do lado da moral e da ética, jamais concordaria com tal esquema. Portanto, partindo do PT, tudo é possível.

TAGS:

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.